Rio de Janeiro, 06 de Dezembro de 2025

Em jantar, Temer pede aos irmãos Marinho, donos da Globo, para amenizar noticiário

Na entrada, Temer reclamou da cobertura do caso JBS pelos veículos do grupo Globo. O objetivo, disse claramente, era o de derrubá-lo.

Quinta, 21 de Dezembro de 2017 às 13:24, por: CdB

Na entrada, Temer reclamou da cobertura do caso JBS pelos veículos do grupo Globo. O objetivo, disse claramente, era o de derrubá-lo.


Por Redação - do Rio de Janeiro

 

Era para ser secreto, mas vazou para a mídia, nesta quinta-feira, que o presidente de facto, Michel Temer, reunira-se com João Roberto Marinho, um dos três irmãos - donos das Organizações Globo - em um jantar reservado na capital paulista, em início de outubro.

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João Roberto Marinho, um dos donos da Globo, e Temer, teriam 'acertado os ponteiros'

No cardápio, uma cobertura mais suave por parte das emissoras que integram o maior cartel de comunicação da América Latina. Na sobremesa, um possível apoio do grupo de ultradireita à reformada Previdência.

Jantar

O próprio Temer, desmascarado pela reportagem de um dos diários conservadores paulistanos, confessou sua tentativa de influir no Departamentno de Jornalismo das Organizações. Seu relato bate com o de três outros aliados ouvidos reportagem. A reunião ocorreu a pedido de João Roberto Marinho, vice-presidente do Conselho de Administração do grupo.

Na entrada, Temer reclamou da cobertura do caso JBS pelos veículos do grupo Globo. O objetivo, disse claramente, era o de derrubá-lo. O jantar ocorreu em 4 de outubro. João Roberto promoveu o encontro na casa de seu irmão Roberto Irineu Marinho para receber Temer e o vice-presidente de Relações Institucionais da Globo, Paulo Tonet. Um dos principais aliados do presidente, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) teria articulado o encontro, segundo o jornal.

Segundo o peemedebista, o comportamento da Globo desde 17 de maio, quando o diário conservador carioca O Globo divulgou o áudio da reunião entre ele e o empresário Joesley Batista, deixou clara a principal evidência. No caso, a compra de silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ). A gravação foi a base de duas denúncias contra Temer. Ambas barradas na Câmara.

Propina

Em uma mensagem direta sobre o risco que as Organizações Globo correm no campo da Justiça, Temer fez questão de dizer a Marinho que o conteúdo de delações nem sempre é conclusivo. Ele citou informações acerca do acordo de colaboração do empresário J. Hawilla, da agência Traffic, com a Justiça norte-americana. A delação permitiu que fosse desvendado um esquema de corrupção na Fifa.

Em novembro, o empresário Alejandro Buzarco, ex-homem forte da companhia de marketing argentina Torneos y Competencias, afirmou às autoridades norte-americanas que a TV Globo e outros grupos pagaram propina para transmissão de campeonatos. Em nota, o Grupo Globo negou "veementemente" a participação em tais crimes; e que "não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina".

Procurada por jornalistas, a Globo declarou sobre o encontro com Temer, por meio de sua assessoria, que a conversa foi "absolutamente republicana; sem pedidos ou promessas de qualquer das partes". A assessoria de Temer não comentou o ocorrido.

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