Rio de Janeiro, 29 de Dezembro de 2025

Temer gasta mais de R$ 1 bilhão na garantia de votos de parlamentares

Apesar da liberação em massa de emendas aos deputados da base aliada, mandato de Temer segue em alto risco.

Sábado, 15 de Julho de 2017 às 13:03, por: CdB

Apesar da liberação em massa de emendas aos deputados da base aliada, mandato de Temer segue em alto risco.

 

Por Redação - de Brasília

 

A despesa é do contribuinte brasileiro, mas coube ao presidente de facto, Michel Temer, denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e, em breve, por obstrução judicial e organização criminosa, liberar R$ 1 bilhão em emendas parlamentares, nos últimos 60 dias. Tamanha dedicação aos pedidos dos deputados encontra uma explicação no que disse a jornalistas o deputado Lincoln Portela (PRB-MG):

— Quem apoia, tem a verba.

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Temer joga todas as suas fichas na base aliada que ainda imagina manter no Congresso

Ainda segundo o parlamentar de um dos principais partidos da base do governo, o que se vê no Palácio do Planalto “são cenas explícitas de fisiologismo e cooptação, visando a sobrevivência de um governo moribundo”. Com ele, embora na oposição, concorda o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

— Isso já seria suficiente mais uma denúncia de corrupção para cassá-lo — afirmou Valente.

Sem temer a Opinião Pública, o peemedebista aumentou em 31% os valores liberados no mesmo período de 2016, segundo levantamento realizado por um jornal conservador carioca. Na época, Temer ocupava a Presidência da República na qualidade de interino, enquanto a presidenta Dilma Rousseff (PT) era afastada por um golpe de Estado.

Confiança total

Um dos artífices do golpe e, agora, da distribuição em massa de recursos aos deputados, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), confia plenamente na derrubada da denúncia contra Temer, na Câmara.

— Sabe quando a oposição terá 342 votos? Nunca — garante Jucá. Ele se referia ao número necessário de votos para a admissibilidade da denúncia, em Plenário.

Jucá também não acredita que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), trairá o atual inquilino do Planalto. Maia, primeiro da linha sucessória da Presidência, tem sido apontado por agentes econômicos como a saída imediata para a crise econômica mais resiliente dos últimos séculos, no país.

— Eu não acredito em um governo Maia porque o presidente (de facto) Michel Temer ganhou na Comissão de Constituição e Justiça. A partir de agora, quem tem de colocar 342 votos no plenário da Câmara é a oposição. O ônus é de quem quer mudar — disse Jucá, a jornalistas.

O senador, também investigado por obstrução de Justiça ao dizer que é necessário “conter a sangria” da Operação Lava Jato, faz graça com os partidos de esquerda.

— A oposição tem de sair com a lanterna na mão para ver se acha (342 votos) — retaliou.

Tucanos indecisos

Não é bem isso que pensa o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). A legenda tem sido considerada uma espécie de ‘fiel da balança’ para que Temer seja afastado, ou não, do cargo. Ele afirmou, neste sábado, que cabe ao peemedebista resolver o que acontecerá nos próximos dias, em relação aos ocupantes de sua equipe de governo. Sem titubear, Tripoli acredita que a maioria dos tucanos, na Câmara, votará para que as acusações contra Temer sejam investigadas. Se dependesse dele, afirma, o partido já estaria fora da base governista.

— Nós já tínhamos pedido que os ministros deixassem os ministérios. Agora, fica uma situação esdrúxula. Não tem sentido esse jogo de o governo querer retaliar numa troca de cargos para quem votar a favor (de Temer). Quanto mais rápido o PSDB se livrar dos ministérios, melhor. Espero que o governo não crie constrangimentos, que não se incomode de o partido votar livremente como acha que deve votar — disse Tripoli, aos repórteres.

Para Tripoli, o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) poderá ser derrotado em Plenário e tem o condão de prejudicar não apenas Michel Temer. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) seria o segundo maior derrotado. Isso, afirma o parlamentar, coloca Neves, mais uma vez, no centro do picadeiro. Ainda na Presidência do partido, mesmo que afastado da função, Aécio Neves é o padrinho do novo relator.

— Os deputados estão reclamando muito porque ele (Abi-Ackel) não expressa a maioria — conclui Tripoli.

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