O Talebã conseguiu mobilizar um exército de 10 mil combatentes para uma onda de "ataques sangrentos" contra tropas estrangeiras no Afeganistão nos próximos meses, disse um líder rebelde nesta sexta-feira. Mais de 4 mil pessoas, inclusive cerca de mil civis, foram mortos em confrontos em 2006, o ano mais violento desde a ação conjunta dos EUA e de forças locais que derrubaram o regime islâmico do Talebã, no final de 2001. Comandantes da Otan e analistas dizem que 2007 pode ser tão ruim ou pior.
Conforme vai degelando a neve do rígido inverno, os insurgentes retomam seus ataques, a maioria no sul, onde capturaram uma importante cidade e ameaçam a barragem de uma hidrelétrica. O mulá Abdul Rahim, comandante operacional do Talebã na província de Helmand, uma das maiores regiões produtoras de ópio do mundo, disse que seus militantes vão ampliar os ataques na primavera boreal.
- Quando esquentar e as folhas ficarem verdes, vamos desencadear sangrentos ataques contra as tropas estrangeiras lideradas pelos EUA. Nossos preparativos de guerra, especialmente no sul do Afeganistão e na província de Helmand, estão completos, e para isso nossos 10 mil combatentes estão preparados para pegarem em armas no momento em que receberem ordens - disse Rahim à agência inglesa de notícias Reuters, falando em um telefone por satélite de local não-revelado.
Sem sucesso nas batalhas do ano passado, o Talebã deve voltar às táticas mais convencionais de guerrilha contra as forças do governo e os cerca de 45 mil militares estrangeiros no país. Uma dessas táticas deve ser o uso de homens-bomba, que cresceu dramaticamente no ano passado, matando mais de 200 pessoas, embora ainda continue sendo mais raro que no Iraque. O Talebã diz ter 2 mil homens-bomba prontos e outros 3 mil em treinamento.
Rahim disse que o foco dos ataques serão áreas ao sul, onde o Talebã surgiu. O governo afegão diz que os militantes continuam sendo patrocinados pelo Paquistão, que era seu principal apoio até os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os EUA. Islamabad admite que há infiltração de militantes pela fronteira entre os dois países, mas nega apoio aos rebeldes, que têm raízes étnicas em ambos os lados da fronteira, desenhada na época do colonialismo britânico. O Paquistão diz que a insurgência é problema do Afeganistão.