Uma portaria assinada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determina que o líder dos seqüestradores do publicitário Washington Olivetto, o chileno Maurício Hernandez Norambuena, seja obrigado a ficar no Brasil até cumprir toda sua pena, em 2032. A determinação consta da Portaria 0031, publicada pelo Diário Oficial da União.
O criminoso estava preso desde 2002 em São Paulo, e foi transferido no último sábado para o Presídio Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná. Ele foi condenado há 30 anos e, no último dia 1º, Norambuena completou cinco anos de regime fechado, tempo mínimo necessário para que se possa pedir a progressão para o regime semi-aberto.
No dia 19 do mês passado, os advogados do seqüestrador solicitaram o benefício à Vara de Execuções Criminais da capital, mas foi negado. no Chile Norambuena foi condenado à prisão perpétua duas vezes em 1992, uma por liderar o seqüestro de Cristián Edwards del Rio, filho do dono do jornal chileno El Mercúrio, e outra por participação no assassinato do senador Jaime Gúzman. Ele fugiu da prisão Cárcel de Alta Seguridad em 1996.
De acordo com as investigações dos serviços de inteligência das secretarias da Segurança Pública e da Administração Penitenciária O chileno Mauricio Hernandez Norambuena, teria ensinado, na cadeia, táticas de terrorismo aos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e teriam partido do seqüestrador as idéias para que os soldados da facção atacassem agências bancárias com a finalidade de "tentar desestabilizar a ordem financeira".
No Chile Norambuena era o chefe de um dos ramos da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), organização de extrema esquerda que pregava a revolução socialista pelas armas, mas que acabou se convertendo numa quadrilha que praticava crimes comuns.
Considerado pelos líderes do PCC como um "irmão", Norambuena é tratado pela facção como Comandante Ramiro ou de "jefatura" (chefia, em espanhol) na prisão de segurança máxima de Presidente Bernardes, onde está desde 2003.
Em junho do ano passado, agentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro descobriram um plano no qual cerca de 80 homens, todos eles do PCC e da facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV), pretendiam resgatar Norambuena de Presidente Bernardes, juntamente com Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC, e com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, na época preso com os dois.