Volta de Aécio Neves e relaxamento de prisão de Loures leva a questionamento sobre futuro da Operação Lava Jato.
Por Redação - de Brasília
O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), volta mais uma vez para o centro de uma polêmica. Ao permitir que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) retome suas atividades no Senado reacendeu a desconfiança de parlamentares quanto aos destinos da Operação Lava Jato. A medida foi recebida com preocupação por parte até dos tucanos mais experientes e da cúpula da legenda.
Para o público externo, o partido classificou a decisão do magistrado como justa e equilibrada. Mas, nos bastidores, tucanos de todas as idades avaliam que, caso a decisão do magistrado seja revertida posteriormente, novos desgastes afetarão a legenda.
Na enxurrada
O PSDB, nesse caso, será levado junto, pela falta de credibilidade, ao fundo do poço eleitoral. A reportagem do Correio do Brasil, ao ouvir representantes da base parlamentar do partido, constatou que Marco Aurelio Mello colabora para a revoada ao resgatar Aécio Neves.
— A sensação de impunidade é tão grande que muitos não querem mais se arriscar a permanecer ao lado de Aécio e, muito menos, de Temer — disse um parlamentar ao CdB, em condição ainda de anonimato.
A deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO), no entanto, já fala publicamente que a maioria dos tucanos está preocupada com o desgaste do partido em função do retorno de Aécio ao Senado.
— Essa decisão de Marco Aurélio deve provocar uma reação negativa na população e isso respingará no PSDB. As coisas estavam caminhando para um lado e essa decisão mudou tudo. Precisamos reavaliar tudo — disse, a jornalistas.
Consequências
Os tucanos têm uma reunião prevista para a semana que vem, exatamente para discutir se o senador mineiro deve, ou não, voltar à Presidência do partido. Há, no entanto, um grande desconforto pairando no ar.
Para muito além das hostes partidárias, no centro da Operação Lava Jato, o líder da força-tarefa que comanda as investigações do Ministério Público Federal (MPF), em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol segue na linha dos parlamentares tucanos e disse que a volta de Aécio Neves ao Senado poderá “ter consequências”.
Em sua página no Twitter, Dallagnol escreveu que não faltavam motivos para Aécio estar atrás das grades. Agora, de volta ao Senado, ele poderá articular, livremente, em favor do fim da Lava Jato. Sem contar a anistia dos políticos envolvidos nas investigações.
“Havia razões para estar preso, mas influenciará leis que governam nosso país. Livre inclusive para articular o fim das Lava Jato e anistia”, comentou o procurador.