Em reunião do diretório regional do PMDB do Rio com Michel Temer (SP), candidato à reeleição à presidência do partido, o governador do Estado, Sérgio Cabral Filho, declarou seu apoio ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, e trocou farpas com o ex-governador e presidente regional do PMDB Anthony Garotinho.
Cabral elogiou a história e a importância política de Temer para o PMDB, mas antes e depois do encontro manifestou apoio a Jobim, embora continue pregando o entendimento.
- É evidente que eu já defini meu apoio ao ministro Jobim. Meu apreço pelo Michel é enorme, somos amigos pessoais, e creio que o PMDB tem a oportunidade fantástica de ter dois grandes nomes. Quem sabe os dois, pelo grande nível, não cheguem a um entendimento - disse ele a jornalistas.
Cabral queria que os peemedebistas do Rio também se reunissem com Jobim e fez uma queixa dirigida a Garotinho.
- Pedi que a reunião com o candidato Jobim fosse aqui, no diretório, mas infelizmente a resposta não foi a tempo - disse Cabral.
Ele conseguiu marcar um encontro da bancada com Jobim na parte da tarde, em um hotel.
- Isso não é verdade. Já havia uma reunião da executiva municipal marcada há tempos aqui no diretório - respondeu Garotinho.
Durante o encontro, o ex-governador deu a entender que a candidatura de Jobim representa os interesses de aliados de Lula.
- Jobim é integro, correto, mas apoiado por forças que não são comprometidas com a democratização do PMDB. A base de sustentação da candidatura dele tem forças que lutaram para esmagar o partido e impediram a candidatura do PMDB a presidente - atacou Garotinho.
Em busca de consenso
Parte da bancada federal, reunida no diretório do PMDB do Rio, apresentou a Garotinho e Cabral uma proposta de consenso para evitar a consolidação do 'racha' previsto, caso vença uma das facções peemedebistas. Segundo um dos parlamentares presentes, "já se conseguiu um primeiro esboço".
- Combinamos que Michel Temer assumiria a Presidência do PMDB agora e, dentro de um ano e meio, passaria o cargo a Jobim. Em compensação, receberia nosso apoio integral para a Presidência da Câmara, na próxima eleição - disse o parlamentar, que preferiu não ser identificado.
Sem despedidas
O ambiente ficou tenso no final da reunião entre os peemedebistas fluminenses e Sérgio Cabral deixou a sede do diretório sem se despedir.
- Há sempre aqueles que gostam de crescer na divisão - disse o governador.
Temer minimizou as divergências e afirmou que a presença de Cabral foi um gesto de "elegância cívica e política". O deputado afirmou ainda não acreditar que Lula esteja esperando a decisão do PMDB para definir a reforma ministerial.
- O presidente foi claríssimo ao dizer que não entraria nessa história interna do PMDB. No programa de rádio desta segunda-feira, disse que não tem vinculação nenhuma e que a reforma é questão do presidente. Ele faz quando quiser. O regime é presidencialista - afirmou.
Por suas pesquisas internas, Temer acredita ter uma vantagem sólida sobre Jobim. Documento a ser entregue a ele pelo diretório do Rio lhe dará 66 votos de um total de 77.