Rio de Janeiro, 23 de Novembro de 2024

Reforma política, agora, significa um risco à democracia

Arquivado em:
Sexta, 29 de Dezembro de 2017 às 13:49, por: CdB

Tão simples: não se trata de discutir sobre financiamento de campanhas por empresas & empresários; proíbam-se tais despesas, que não servem para nada e para ninguém.

 

Por Maria Fernanda Arruda - do Rio de Janeiro

 

A Constituição de 1988 não resultou da assembléia de cidadãos corajosos. Mas do encontro interesseiro e amedrontado de homens que não tinham olhos para enxergar. Nem competência para projetar o futuro de um país que pretendia iniciar a sua experiência democrática. 

unnamed2.jpg
Maria Fernanda Arruda é colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras

A experiência de convivência com partidos políticos capados recomendou que se desse tal status, nada se exigindo: ideologia, programa, tampouco compromissos. À esses grupos somam hoje mais de três dezenas de associações de fins lucrativos e que trabalham exclusivamente para transformar subornos estratosféricos em “despesas eleitorais”.

Tão simples: não se trata de discutir sobre financiamento de campanhas por empresas & empresários; proíbam-se tais despesas, que não servem para nada e para ninguém. Voltemos aos tempos dos comícios de praça pública e “horários gratuitos”. Reconheçamos: as propinas não cobrem despesas de campanha política, elas são armazenadas nos bolsos personalizados.

Coronéis

Os partidos políticos são a base para formação dos quadros que vão compôr o Executivo e o Legislativo. Sem que eles sejam obrigados a uma postura ética e competente, não haverá reforma de coisa alguma: discutir voto distrital não é discutir reforma política. Discutir reforma política, entre outros pontos fundamentais, é refazer o pacto federativo, de forma a impedir a formação de bancadas representantes de pistoleiros e coronéis.

É estabelecer parâmetros seletivos para os que pretendam concorrer em eleições: o espetáculo circense que a Câmara e o Senado oferecem no dia-a-dia mostra a inviabilidade política de um Congresso Nacional que reúne não só bandidos, mas analfabetos funcionais. Partidos políticos não podem capitalizar votos, usando nomes de astros e estrelas, um populismo pobre e rasteiro. 

Agora, existindo quadros políticos responsáveis, será possível discutir as regras: fidelidade partidária, rigorosa prestação de contas (dos dinheiros e das ações), respeito aos projetos propostos enquanto candidatos…

Capitalismo x democracia

A reforma política, para que exista, pressupõe como condição o esforço intelectual para construção de instituições que não sejam a repetição desgastada do que foi proposto no século XIX, muito antes do capitalismo financeiro, da globalização e da alienação promovida pelos modernos meios de comunicação. E mais…que não se mantenha apenas o princípio a ser feito realidade:

Não todo poder emana do povo e somente por ele será exercido.

Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil.

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo