O ilegítimo Temer saiu com mais uma frase de antologia. A mídia deu destaque, em parangonas, ao novo conceito de "quase certeza absoluta". A modéstia mandava ligar o "quase" ao "absoluta", mas a incerteza meteu-se dramaticamente no meio. Ato falho freudiano, digno de passar pelo 'analista de Bajé', a certeza de Temer mostrou, na verdade, como Temer teme que a situação evolua no sentido contrário do que diz acreditar
Por Alexandre Weffort - de São Paulo:
A "quase certeza absoluta" de Temer segue de braço dado com a ignorância quase absoluta que tem revelado. Vale tanto em relação ao processo de denúncia criminal apresentado pela PGR, quanto a sua "quase certeza" que, na Noruega, estaria sendo recebido pelo o "Rei da Suécia" ou que, visitando a Rússia (agora, em 2017), estaria falando com "empresários soviéticos".
Temer perdeu o norte no caso nórdico. Até parece que ... Noruega, Suécia, tanto faz. O nível da capacidade diplomática de Temer é dramaticamente nulo. O Itamaraty, mesmo depois do consulado de Serra, deve ter corado de vergonha.
E o MinC, que Temer desrespeita desde que tomou posse, com notável insucesso ... que diria o ministro da cultura, de tão alta dose de incultura apresentada pelo seu presidente, se não fosse ele próprio interino e demissionário (talvez, siga o exemplo e demita-se!)?
Podemos considerar que, na Rússia de hoje, no centésimo aniversário da Revolução de Outubro e 27 anos após o fim da União Soviética. Temer viu-se confrontado com a magnitude de uma nação que, mesmo após a queda do socialismo, estando na senda do capitalismo.
A Rússia conserva a força simbólica das conquistas que representou, para a Humanidade, a Revolução de Outubro. Não se tratou de "ato falho". Mas do temor que Temer terá em relação ao espectro que, em 1848. O Manifesto Comunista anunciava andar pela Europa.
O temor de Temer
E, o temor de Temer tem razões que, certamente, ele desconhece; que radicam nas contradições do sistema que ele próprio representa e serve - o capitalismo na sua fase imperialista, de dominação à escala global.
Mas Temer não serve ao Brasil e a consciência da contradição que Temer representa (um quase-presidente absolutamente ilegítimo, não-eleito). Que é sustentado, até agora, por múltiplas cumplicidades tácitas e outras mais escusas daqueles que, por exemplo no STF, "lavam as mãos como Pilatos".
Remetendo de forma apressada para a Câmara denúncia da PGR contra Temer. Como foi a cumplicidade implícita daqueles que apoiaram o impeachment que o levou ao Planalto; como continua a ser a cumplicidade daqueles que, com Geddel preso, com Aécio provisoriamente safo. Com Temer acuado, se mantêm na moita, na "quase certeza" de que o seu silêncio conduzirá ao esquecimento da sociedade em relação às responsabilidades historicamente partilhadas, deles com Temer e seu desgoverno.
Temer manifesta o seu desejo mais íntimo, na "quase certeza absoluta" que conseguirá safar-se ao processo criminal aberto pela PGR. Veremos.
Mas a certeza que fica é a da necessidade de mudança política no Brasil, de construção de um projeto popular de alcance nacional, algo diz respeito a todos. Fora Temer!
Alexandre Weffort é professor, mestre em Ciência das Religiões e doutorando em Comunicação e Cultura.