O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha e o petista histórico Márcio Macedo abandonaram suas candidaturas. Vão apoiar Gleisi Hoffmann, em nome da “unidade na legenda”. Mas Lindbergh manteve-se no páreo
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou, nesta quinta-feira, que pretende manter sua candidatura à presidência do PT. Setores da legenda esperavam que ele desistisse da intenção, uma vez que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva combinou com as correntes majoritárias do partido para que apoiassem a também senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha e o petista histórico Márcio Macedo abandonaram suas candidaturas para apoiar Gleisi Hoffmann, em nome da “unidade na legenda”, disseram. Ao confirmar sua candidatura, porém, Lindbergh acredita que o fato não deverá “rachar o partido”. Segundo o senador, sua disputa com Gleisi ocorrerá em um nível muito alto.
— Eu vou fazer com a minha companheira Gleisi a disputa da forma mais fraterna possível — disse o senador, durante encontro com apoiadores, no início desta semana.
Cara nova ao PT
Lindbergh afirma que ser necessário “retomar o PT para a militância e reconstruir a estratégia socialista”. Ele, que critica a “burocracia interna” do partido, promovida pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária na legenda, no entanto, acredita que, ao lado de Hoffmann, levarão Lula de volta à Presidência da República, se houver eleições em 2018.
Segundo Lula, é preciso dar uma “cara nova” na direção do PT. Para tanto, o ex-presidente indicou a senadora, também da CNB, para comandar a legenda. Lindbergh encontra espaço para se manter no páreo devido à desconfiança de parcela dos militantes, a maioria na corrente denominada ‘Muda PT’. Além de representante do PT no Senado a ex-ministra da Casa Civil, durante o mandato de Dilma, foi apontada como responsável por erros em série na condução das políticas do partido, enquanto permaneceu no governo.
Embora a indicação de Hoffmann tenha gerado polêmica, durante a recente assembleia da CNB, o discurso de Lula em seu favor fez com que Padilha e o deputado federal Márcio Macedo (PT-SE), se retirassem da corrida.
Complicações legais
Tanto Gleisi Hoffmann quanto o senador Lindberg Farias estão indiciados na Operação Lava Jato. Ambos são acusados de práticas ilícitas ao longo de seus mandatos. A senadora, no dia 01 de abril de 2016, foi acusada de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras. O dinheiro teria sido usado para sua campanha, o que ela nega.
Também, o marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo, chegou a ser preso pela PF no ano passado. Ele responde a acusações de comandar um plano para desviar o dinheiro da Petrobras, utilizado na campanha da mulher dele. O ex-ministro, porém, foi solto uma semana depois, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. O magistrado considerou a prisão um 'flagrante constrangimento ilegal’'.
Farias, por sua vez, também nega quaisquer acusações de uso de dinheiro não contabilizado em suas campanhas eleitorais.