O promotor Thales Ferri Schoedl, detido na quinta-feira passada acusado de duplo homicídio - um consumado e uma tentativa -, deverá permanecer preso até o julgamento do processo. Seu advogado, Ronaldo Augusto Bretas Marzagão, afirmou que vai ingressar no Tribunal de Justiça nos próximos dias com pedido de relaxamento da prisão. Mas o procurador-geral da Justiça, Rodrigo César Rebello Pinho, já adiantou que "a prisão foi feita de forma adequada e que o acusado deverá responder ao processo preso".
Pinho disse que o Ministério Público tratará o assunto da mesma forma que os outros casos de homicídio. "Não haverá proteção alguma. Não decretaremos sigilo para garantir a transparência e permitir que a imprensa acompanhe a apuração."
Schoedl é acusado de matar o jogador de basquete Diego Mendes Modanez, 20 anos, e de ferir Felipe Siqueira Cunha de Souza, 20, que permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio Libanês. Hoje, ele passou por uma cirurgia no pulmão. O crime ocorreu na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, Litoral Sul, na quinta-feira. O promotor foi preso no mesmo dia.
Em seu interrogatório, Schoedl alegou que atirou em legítima defesa. Segundo ele, Felipe e Diego ameaçaram agredi-lo após serem repreendidos por assediar a namorada do promotor, Mariana Bartoletti, 19 anos. O acusado contou que sacou a arma para conter os jovens, dizendo ser promotor de Justiça, mas que, mesmo assim, não intimidou os agressores, que afirmavam que a arma era de brinquedo.
Schoeld então teria atirado para o chão, ainda sem conseguir afugentar os jovens. Acabou encurralado na entrada de uma quadra de tênis e atirou outra vez, na tentativa de acertar a perna de um dos rapazes. Os agressores teriam tentado tirar a arma das mãos do promotor, que decidiu disparar de novo, desta vez contra o tórax dos jovens.
Pinho disse que a versão do promotor é contraditória à de pelo menos uma testemunha, que contou não ter havido justificativa para os disparos. Ele classificou como "inconveniente" a atitude de Schoedl de ir armado à praia - na hora do crime, ele e a namorada saíam de um luau.
No auto de flagrante, o promotor disse que levou a pistola porque foi ameaçado de morte em dezembro de 2003, quando atuou no júri popular de um assassino. "A ameaça, que não foi comunicada ao Ministério Público, não justificaria o porte de arma num luau", declarou Pinho.
O procurador-geral requisitou exame toxicológico e de dosagem alcoólica no promotor, em sua namorada e nas vítimas. Ele tem até o dia 14 para concluir o inquérito. Por ter foro privilegiado, o promotor será julgado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Hoje, Pinho ouvirá três testemunhas.
Promotor deve ficar preso até julgamento
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Segunda, 03 de Janeiro de 2005 às 19:06, por: CdB