Rio de Janeiro, 08 de Dezembro de 2025

Processo de desindustrialização do Brasil se acelera, constata pesquisa

Historicamente, os países que se desenvolvem passam por processos de industrialização, enriquecem e, aos poucos, reduzem a participação da indústria na economia.

Segunda, 05 de Março de 2018 às 16:02, por: CdB

Historicamente, os países que se desenvolvem passam por processos de industrialização, enriquecem e, aos poucos, reduzem a participação do setor na economia.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro

 

Dados divulgados na quinta-feira pelo IBGE mostram que a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) caiu para 11,8%, a menor desde os anos 1950. No início da década, esse percentual era de 15% e, nos anos 1980, chegou a superar a casa dos 20%. 

industria.jpg
Indústria brasileira vem perdendo espaço, sistematicamente, ao longo de décadas

As consequências, no entanto, dividem especialistas. Parte dos economistas que acompanham o tema afirma que o Brasil passa por um processo de desindustrialização precoce, com consequências nocivas à inovação e à produtividade. Para outros analistas, a perda de espaço das fábricas é um processo natural de mudança do perfil, em que o setor de serviços tende a ganhar cada vez mais protagonismo.

Historicamente, os países que se desenvolvem passam por processos de industrialização, enriquecem e, aos poucos, reduzem a participação do setor na economia.

Indicador

O ponto dos críticos é que o Brasil teria passado por esse processo cedo demais. Segundo dados do Banco Mundial de 2015, os últimos disponíveis para todos os países, o peso da indústria brasileira no PIB, estimado em 11,8% naquele ano, estava abaixo da média mundial, de 16,5%.

Por diferenças metodológicas, os números diferem um pouco dos dados do IBGE, que, naquele ano, registrou 12,2%. O indicador brasileiro, no entanto, também estava abaixo do estimado em países vizinhos, como México, Peru e Argentina.

Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), acrescenta que o país não tem características que justifiquem essa queda.

— Nossa renda per capita não é de país desenvolvido. O Brasil está para trás na robotização, não tem um grande fenômeno de outsourcing (terceirização de processos da indústria para o exterior). Foram as condições macroeconômicas e sistêmicas que fizeram com que a indústria perdesse espaço, como câmbio desfavorável e custo de capital elevado — conclui.

Tags:
Edições digital e impressa