Trama criminosa para lavar dinheiro e faturar alto e desvendada em investigação da Polícia Federal no Rio. Aumentam as suspeitas sobre Aécio Neves.
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
À medida que avançam as investigações sobre a corrupção promovida por um cartel de empreiteiras, de um lado, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), de outro, eleva-se o risco de empresários e figuras proeminentes na sociedade carioca terem seus nomes ligados ao escândalo de propina que pesa sobre o presidenciável tucano, derrotado em 2014. Neves é investigado em seis outros processos; além deste a que responde por corrupção e tráfico de influência, entre outro crimes .
Documentos
Provas documentais, anexadas ao processo contra o líder tucano, no Supremo Tribunal Federal (STF), pelas construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, nesta quarta-feira, incluem o empresário Alexandre Accioly. Trata-se de amigo do senador e padrinho de um de seus filhos. Os comprovantes reforçam os depoimentos dos delatores. Eles narram que o empresário carioca recebeu propina por meio de contas offshore das empreiteiras no exterior; intermediados pela rede de academias de Accioly, a BodyTech.
A academia, uma das mais chiques do Rio, pertence aos empresários João Paulo Diniz (Grupo Pão de Açúcar), Alexandre Accioly (ex-rei da noite no Rio de Janeiro) e Luiz Urquiza (ex-banqueiro); além do técnico da seleção de vôlei masculino Bernardo Rezende, o Bernardinho. Logo após a eclosão do escândalo, o desportista desligou-se do PSDB. Ele era a rincipal aposta dos tucanos para o governo do Rio, nas eleições do ano que vem. Bernardinho migrou para o Partido Novo. Aécio Neves, também amigo do treinador, chegou a tentar reverter a decisão; a realidade não o beneficiou.
Nos documentos apensados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal (PF), encontraram-se indícios de que Aécio Neves recebeu propina para atuar em nome de empreiteiras na construção da Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Segundo executivos da Odebrecht, o total repassado a Aécio chega aos R$ 50 milhões. Os valores foram repassados pela Odebrecht (R$ 30 milhões); e pela Andrade Gutierrez (R$ 20 milhões), de acordo com documentos vazados para a mídia conservadora.
Usina
A Odebrecht apresentou extratos bancários que comprovariam depósitos ao senador tucano, em uma conta offshore, em Cingapura. A ligação fora citada por um de seus ex-executivos, Henrique Valladares, à PGR. A conta está vinculada ao empresário Accioly, segundo Valladares.
Em depoimento à PF, o ex-executivo e delator da Andrade Gutierrez, Flávio Barra, confirmou o repasse de R$ 20 milhões a Aécio. Desta vez, em um contrato com a AALU Participações e Investimentos; empresa controladora da Bodytech.
Flávio Barra relatou que a empresa firmou um contrato de R$ 35 milhões com a Andrade Gutierrez; para lavar a propina paga ao tucano, em 2010. Em contrapartida pela defesa, por parte de Aécio, da participação da Andrade; no consórcio de construção da Usina. Na época, o tucano era governador do Estado de Minas Gerais.