Kuczynski, que atravessa o pior momento do mandato que assumiu em julho do ano passado, afirmou que uma destituição seria “terrível” para a economia do país
Por Redação, com Reuters - de Lima:
O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, se desculpou no domingo diante do país por não ter explicado bem seus vínculos com a Odebrecht, e voltou a negar que tenha gerenciado negócios para a empreiteira brasileira, poucos dias antes de o Congresso se reunir para decidir sobre sua possível destituição por “incapacidade moral”.
Kuczynski, que atravessa o pior momento do mandato que assumiu em julho do ano passado; afirmou que uma destituição seria “terrível” para a economia do país, que está mostrando sinais de recuperação.“A primeira coisa que quero fazer é me desculpar ante os peruanos porque não expliquei bem de que se trata; e estes são temas que têm 10 anos ou mais”; disse Kuczynski em uma coletiva de imprensa com alguns repórteres de uma televisão local.
A Odebrecht, acusada de corrupção em vários países da América Latina; informou na semana passado ao Congresso peruano que transferiu cerca de US$ 4,8 milhões a duas consultorias vinculadas a Kuczynski; uma delas quando ele era membro do governo do então presidente Alejandro Toledo entre 2001 e 2006.
Westfield Capital
Trata-se da Westfield Capital, uma empresa cujo único funcionário era o próprio Kuczynski e que recebeu US$ 782 mil da Odebrecht entre 2004 e 2007; incluindo US$ 60 mil nos anos em que o atual mandatário foi ministro da Economia e primeiro-ministro.Kuczynski afirmou que não soube os detalhes das gestões das consultorias com a Odebrecht; e que recentemente teve que fazer um trabalho de “arqueologia” para se inteirar das transações de sua própria empresa.
– Deixo absolutamente claro, aqui não houve corrupção, não houve mentira – afirmou. “Não pedi absolutamente nada ao Estado para a Westfield, nem para a Odebrecht; nem para ninguém, aqui quando terminei como primeiro-ministro não houve nenhuma pergunta sobre minha gestão, tudo foi limpo”.
Mas Kuczynski admitiu que recebeu “dividendos” porque foi acionista da Westfield Capital, e que quando era funcionário da companhia não administrou nenhum contrato com a Odebrecht.“Aqui há uma consequência que vai ser terrível para o Peru e para a economia. Estamos progredindo, estamos fazendo mudanças muito importantes e isso vai gerar um grande problema”, afirmou.Kuczynski, que poderia se converter no primeiro presidente em exercício a ser destituído pelo escândalo da Odebrecht na América Latina, acusou o partido Força Popular, da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori e que controla o Congresso, de buscar seu afastamento sem o devido processo legal.