Rio de Janeiro, 31 de Dezembro de 2025

Presidente do BC adverte que cenário político tende elevar taxa de juros

Em São Paulo, segundo apresentação publicada no site do BC, Goldfajn disse ainda que a incerteza se mantendo por "tempo prolongado" pode ter impacto negativo sobre as taxas de juros.

Segunda, 19 de Junho de 2017 às 12:20, por: CdB

Em São Paulo, segundo apresentação publicada no site do BC, Goldfajn disse ainda que a incerteza se mantendo por "tempo prolongado" pode ter impacto negativo sobre as taxas de juros.

 

Por Redação - de Brasília

 

Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn reafirmou, nesta segunda-feira, o risco de as taxas de juros voltarem a aumentar, nos próximos meses. Frente à crise político-econômica, que ele atribui ao recente aumento da incerteza por conta do futuro das reformas e de ajustes na economia, fica prejudicada “a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas”. Mas ponderou que consequências desse cenário para o avanço de preços na economia podem se anular.

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Presidente do BC, Ilan Goldfajn avalia a queda na arrecadação e o aumento no volume de crédito

Durante evento em São Paulo, segundo apresentação publicada no site do BC, Ilan disse ainda que a incerteza se mantendo por "tempo prolongado" pode ter impacto negativo sobre a atividade econômica. E que, "de forma geral, as projeções condicionais do Copom hoje envolvem maior grau de incerteza".

— O cenário básico prescreve a continuidade do ciclo de distensão da política monetária, já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo — reafirmou ele.

Taxa de juros

O BC reduziu no final do mês passado a Selic em 1 ponto percentual, a 10,25% ao ano, mas deixou claro que vai desacelerar o passo em meio à intensa crise política que envolve o governo do presidente Michel Temer. Ilan repetiu que, de um lado, a manutenção por tempo prolongado de níveis de incerteza elevados sobre a evolução do processo de reformas e ajustes na economia podem ter impacto negativo sobre a atividade econômica e, portanto, desinflacionário.

De outro, ressaltou que o impacto da incerteza sobre a formação de preços. Idem sobre as estimativas da taxa de juros estrutural pode ter impacto oposto. E adicionou mensagem nova sobre a manutenção de um panorama equivalente ao que vigorava antes da crise política.

— Existe também a possibilidade que os efeitos acima se anulem. E a trajetória prospectiva seja equivalente a trajetória vigente anteriormente — disse.

Próxima reunião

De acordo com Ilan, o cenário prescreve a continuidade do ciclo de afrouxamento da Selic. Ele repetiu que redução moderada do ritmo de flexibilização deve se mostrar adequado em sua próxima reunião, em julho.

— Naturalmente, o ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica. E do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo; além das projeções e expectativas de inflação — afirmou.

Antes do discurso, o site do BC publicou uma entrevista interna feita com Goldfajn. Nela, ele afirma que "o caminho da desinflação e da redução de juros está dado". Ele repetiu também a importância do endereçamento das questões fiscais e de produtividade. Desde que sejam aprovadas as reformas trabalhista e da previdência, das quais os trabalhadores repudiam.

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