Fábio Oliveira
Especial para o site da FPF
Zagueiro central nos tempos de jogador e preparador físico por muitos anos, Milton Passos, o Café, é mais um dos novos técnicos que buscam um caminho no futebol paulista. Jogador de carreira abreviada devido a uma lesão, Café exerceu a função de preparador físico em diversos clubes, após completar seus estudos em educação física. Há cerca de três anos, assumiu o comando técnico de uma equipe profissional pela primeira vez na carreira.
Nascido na capital do Rio de Janeiro, no dia 21 de dezembro de 1963, Café iniciou sua carreira nas categorias de base do Nova Iguaçu (RJ). Após anos no clube, foi para o Botafogo, onde se lançou como profissional em 1984, embora nunca tenha atuado em uma partida oficial. Depois, foi transferido para o Ituano, onde finalmente conseguiu uma chance para jogar. Em seu terceiro time, o EC São Bernardo, Café rompeu os ligamentos do joelho, e pendurou as chuteiras, no ano de 1988.
Após este episódio, iniciou o curso de graduação em educação física. Trabalhou por oito anos como preparador físico das categorias de base da Portuguesa, com garotos de todas as idades. Profissionalmente, Café foi preparador no Taboão da Serra, Jundiaí e também no Santo André. Em 2009, aceitou o convite do ECUS, de Suzano e deu início à sua carreira de técnico profissional.
Comandou o ECUS na Segunda Divisão do Campeonato Paulista daquele ano, sendo eliminado ainda na primeira fase. Em 2010 e 2011, passou pelo Espírito Santo Futebol Clube (ES), e agora, no final da temporada, assinou contrato com outro clube de Suzano, o União Suzano, pensando já em 2012.
FPF: Como foi seu início no futebol?
Café: Foi muito bom, comecei nas categorias de base no Rio de Janeiro (Nova Iguaçu), e rapidamente eu era o jogador mais novo do time profissional, até chegar na idade. No Botafogo (primeiro clube profissional) eu só treinava, joguei profissionalmente mesmo nos times paulistas.
FPF: Para você, que foi jogador, o que mudou no futebol em relação ao passado?
Café: Mudou o fato de que hoje, é muito mais força. Antigamente, havia mais técnica, já hoje a parte física conta muito mais. Se o jogador não estiver bem fisicamente, não consegue nada.
FPF: Quando você decidiu se tornar técnico de futebol?
Café: Eu decidi há quatro anos. Foram 18 anos como preparador físico e achei que já tinha feito o que tinha que fazer. Depois de estudar educação física, e sempre lidando com categorias de base, já era praticamente um treinador, passava muitas orientações.
FPF: Há algum técnico que lhe serve como exemplo?
Café: O Felipão. Pela disciplina, pela palavra firme e decisiva. O que ele fala, vai até o final. Não há meias palavras com ele. Gosto do Luxemburgo também, que é um estrategista mesmo, de carterinha. Sabe tudo dentro das quatro linhas. Ultimamente, o Muricy também tem me chamado a atenção.
FPF: Possui sonho de treinar determinado clube na carreira?
Café: Eu tenho o sonho de colocar o meu nome na mídia, de ser um grande treinador. Nenhum time em específico. Quero trabalhar na Série A do Campeonato Brasileiro, em times de ponta.
FPF: Qual foi seu jogo mais marcante como treinador?
Café: Contra o Primeira Camisa, do Roque Júnior (gestor do clube). Foi em 2009, pela Segunda Divisão do Paulista, em São José dos Campos, no centro de treinamento do Roque Júnior (estádio ADC Parahyba). No primeiro tempo, o árbitro expulsou um jogador, e no segundo mais dois. Joguei com sete atletas e no final fizemos um gol após cobrança de escanteio. Vencemos por 1 a 0.
FPF: Defina seu estilo como treinador.
Café: Disciplina em primeiro lugar. E eu gosto muito de jogo pra frente, ficar jogando com retranca, não é pra mim não. O meu estilo no futebol como treinador posso definir como fui enquanto jogador: sou muito agressivo. Agressividade no sentido de querer muito a vitória, ir para cima mesmo.
FPF: Como você aconselha os treinadores que estão em início de carreira?
Café: Não é fácil, é uma trajetória muito árdua, com muito espinho e não são todos que conseguem chegar. Eu pretendo, mas tem que ter muita força de vontade, perseverança e, principalmente, trabalhar com muita honestidade.
FPF: Resumindo, o que o futebol representa na sua vida?
Café: O futebol na minha vida é tudo. Me casei, comprei apartamento, construí minha vida, sempre no futebol. Nunca exerci função alguma que não seja ligada ao futebol.