Rio de Janeiro, 30 de Dezembro de 2025

PMs presos garantiam segurança a traficantes em favelas

Os policiais militares do Rio de Janeiro presos nesta quinta-feira são acusados de receber propinas para garantir aos traficantes de drogas a livre atuação em favelas

Quinta, 29 de Junho de 2017 às 11:01, por: CdB

As propinas recebidas pela quadrilha eram de cerca de R$ 1 milhão por mês, valor que chegava aos policiais militares semanalmente por meio de intermediários

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro:

Os policiais militares do Rio de Janeiro presos nesta quinta-feira são acusados de receber propinas para garantir aos traficantes de drogas a livre atuação em favelas de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. A cúpula da segurança pública Fluminense concedeu entrevista coletiva nesta manhã e detalhou que as 200 mil ligações telefônicas interceptadas durante dois anos registraram, inclusive, que os policiais sequestraram traficantes ao menos três vezes para cobrar valores mais altos nas propinas.

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Policiais militares presos garantiam segurança a traficantes em favelas

Dos 96 mandados de prisão contra os policiais militares, ao menos 46 já foram cumpridos. Além deles, nove traficantes foram presos. A operação é considerada a maior contra a corrupção policial na história do Rio de Janeiro e cumpre 172 mandados de prisão preventiva.

Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A prisão preventiva foi pedida por causa do risco de os acusados abordarem testemunhas ou continuarem a atividade criminosa.

A investigação teve início na Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. O delegado titular, Fábio Barucke, disse ter confiança de que a corregedoria da Polícia Militar continuará a efetuar  prisões nos próximos dias.

– Extraímos de lá (Polícia Militar) essas laranjas podres e esses maus policiais, para fortalecer ainda mais a instituição – disse o delegado.

As propinas recebidas pela quadrilha eram de cerca de R$ 1 milhão por mês. Valor que chegava aos policiais militares semanalmente por meio de intermediários. Indicados pelo grupo para serem o contato com o tráfico. Um desses intermediários, após ser preso, fechou um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público. O que permitiu chegar a mais detalhes da atuação da quadrilha.

Além de receber o dinheiro para garantir que os traficantes atuassem sem repressão. Os policiais vendiam armas apreendidas em operações policiais. Que deveriam ser entregues à Polícia Civil, para os traficantes de São Gonçalo.

Corte na carne

O secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, classificou a operação como difícil. Mas necessário, e disse que mantém a confiança no juramento dos policiais militares honestos. "Desconheço instituições que cortem na carne como fazem as políciais. Não é simples, mas é necessário", disse.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, disse que os policiais acusados traíram a corporação e a sociedade. Mas considerou que isso não põe a corporação em descrédito. "Se precisar excluir 90, 900 ou 9 mil, pouco importa. Não queremos traidores em nossa instituição", disse.

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