Pesquisadores norte-americanos estão prestes a testar uma espécie de "camisinha líquida", projetada para evitar o contágio das mulheres com o vírus da Aids. O líquido, formulado pela equipe da Universidade de Utah, transforma-se em uma cobertura de gel quando inserida na vagina. Quando exposto ao sêmen, o gel retorna à forma líquida e libera uma droga antiviral para atacar o vírus HIV.
A tecnologia, descrita em um artigo na revista científica Journal of Pharmaceutical Sciences, ainda deve demorar cinco anos para ser testada em seres humanos. Pesquisadores prevêem que ainda levará cerca de dez anos até que o produto possa ser usado em larga escala.
- O nosso maior objetivo com esta tecnologia é proteger as mulheres e os seus filhos no útero, ou recém-nascidos, da contaminação com o vírus da Aids - disse o pesquisador Patrick Kiser.
O projeto da Universidade de Utah é parte de um esforço mundial de pesquisa para desenvolver microbicidas, sistemas para administração de drogas por meio de gel, esponjas ou cremes para prevenir infecção pelo HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis. Esses produtos são vistos como uma maneira de as mulheres ganharem poder para se protegerem contra o HIV, particularmente em países pobres, onde a Aids é mais disseminada, o índice de estupros é alto e onde o acesso às camisinhas é difícil ou seu uso é considerado como um tabu.
Os microbicidas de primeira geração testados atualmente devem estar disponíveis dentro de quatro anos, com uma taxa de efetividade entre 50% e 60%. Segundo Kiser, porém, esses microbicidas duram apenas por um curto espaço de tempo e têm de ser usados pouco antes da relação sexual. A vantagem potencial da nova tecnologia a ser desenvolvida pela equipe é que ela tenha duração muito mais longa.
- Estamos trabalhando em um sistema de administração de microbicida que poderia ser usado uma vez ao dia ou uma vez ao mês - disse ele.
Uso seguro
Os testes já mostraram que o hidrogel não deve causar efeitos colaterais ou desconfortos significativos. Ele foi desenvolvido de maneira a não desidratar as células vaginais, o que poderia levar a infecções, e a sofrer diluição por outros líquidos. O próximo estágio é verificar se as drogas antivirais incorporadas ao hidrogel podem ser administradas com a mesma eficácia demonstrada em testes de laboratório.
Os pesquisadores se dizem esperançosos de que, como a camada de gel provavelmente dentro da mulher será muito mais fina do que nos testes, a liberação de drogas contra o vírus deve ser ainda mais efetiva.