A pesquisa do recém-criado Instituto DataPoder360, sobre a sucessão presidencial, indica que Lula cresceu seis pontos percentuais entre Julho, mês em que foi condenado, e Agosto.
Por Redação - de Brasília
O desempenho eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, medido em pesquisa realizada por um site na internet, melhorou substancialmente após sua condenação a nove anos e meio, em regime fechado, na sentença do juiz Sergio Moro, coordenador na Primeira Instância da Operação Lava Jato, em Curitiba.
A pesquisa do recém-criado Instituto DataPoder360, sobre a sucessão presidencial, indica que Lula cresceu seis pontos percentuais entre Julho, mês em que foi condenado, e Agosto, passando de 26% para 32%. No mesmo período, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também cresceu. Passou de 21% para 25%. Por estes números, consolida-se na segunda posição.
Neste mesmo cenário, Geraldo Alckmin (PSDB) não passa dos 4%. Se a alternativa tucana for João Doria, Bolsonaro também passa ao segundo turno, mas com 18%.
A pesquisa também revela o desaparecimento de Marina Silva, que caiu de 12% a apenas 3%. Uma das explicações para o crescimento de Lula é a percepção, por grande parte do eleitorado, de que ele vem sofrendo perseguições judiciais, enquanto políticos de outros partidos, especialmente do PSDB e do PMDB, vêm sendo blindados pelo Poder Judiciário.
Caso a candidatura Lula seja impedida, em manobras judiciais, o ex-prefeito Fernando Haddad teria apenas 5% dos votos.
Cenário para 2018
Em sua página, em uma rede social, o jornalista Breno Altman, editor da Revista Samuel e do site de notícias Opera Mundi, rejeita os “paradigmas de 2002”, em uma análise sobre as tendências para 2018.
“Provavelmente errará grosseiramente quem repetir velhas equações e analisar a próxima disputa presidencial com os mesmos paradigmas de 2002”, afirmou.
Segundo Altman, “naquele ano, com o país enfrentando uma crise conjuntural e não um colapso sistêmico, a vontade de mudança tinha que ser acompanhada por garantias de que um novo rumo seria adotado sem maiores riscos e turbulências. O eleitor médio queria, enfim, mudanças sem rupturas”.
Estado morimbundo
“Do ponto de vista da estratégia eleitoral, isso obrigava que a esquerda confluísse para a disputa do centro, prevalecendo o conceito de amplitude sobre o de identidade. Agora é tudo diferente”, observa. “O país entrou em bancarrota, o sistema político explodiu e o eleitor médio tem mais raiva que medo”.
Se a esquerda repetir 2002, alerta, “a tendência é quebrar a cara, deixando todos os espaços abertos para que outra narrativa anti-sistema prevaleça, a da ultradireita. Não é à toa que a direita tradicional derrete a olhos vistos, por ser compreendida entre seu eleitorado potencial como parte de um Estado moribundo”.
“Caso as forças progressistas, em especial o PT, não recuperem a imagem de força antagônica ao sistema, substituindo o discurso da ‘mudança tranquila’ pelo da ‘ruptura sem medo’, correrá o risco de desidratação semelhante. Em conjunturas desse tipo, a identidade é mais importante que a amplitude; o que exige clareza programática, coerência narrativa e alianças de cunho estratégico”, pontua.
Donald Trump
A dinâmica da disputa, nessas condições, afirma Altman, “não opera através da confluência ao centro. Mas da polarização pelos extremos, com as pontas destroçando e deglutindo os blocos intermediários. A lógica centrípeta de 2002 dá lugar à energia centrífuga”.
“Ironicamente, a equipe de Donald Trump percebeu tal cenário quando esse emergiu nos EUA. Fez, assim, da radicalização extrema o caminho da vitória. Ficando aprisionada aos cálculos tradicionais, a esquerda brasileira poderá quebrar a cara”, conclui.