Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Passeata contra a guerra

Arquivado em:
Sábado, 09 de Novembro de 2002 às 14:09, por: CdB

Um dia após o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter aprovado uma nova resolução sobre o Iraque, surgiu na Itália a primeira manifestação contra uma possível guerra no Golfo Pérsico: uma passeata com a participação de pelo menos 150 mil pessoas nas ruas da cidade de Florença, neste sábado. A manifestação já estava programada como um dos eventos do Fórum Social Europeu - uma reunião de grupos contrários à globalização -, mas ganhou um objetivo novo e maior depois da votação na ONU. Desde a madrugada, centenas de ônibus especiais e cerca de 20 trens começaram a chegar a Florença, trazendo manifestantes de toda a Europa. A Polícia reforçou a segurança na cidade renascentista, montando bloqueios. No centro, lojas amanheceram com as portas fechadas. "Este é o primeiro protesto continental contra a Guerra e acho que é vital, por ter um impacto real", comentou Guy Taylor, um ativista do grupo britânico Globalise Resistance. "Há tanta oposição - e forte - contra a guerra que acho que poderemos impedi-la", acrescentou. Ao longo da passeata, manifestantes expressavam revolta com a resolução que exige do Iraque o acesso total aos inspetores de armas da ONU, sob pena de, em caso de descumprimento, o país enfrentar "conseqüências sérias". "É uma resolução escandalosa", comentou Sean Murray, de 29 anos e membro de um grupo chamado "Revolução dos Trabalhadores". "Isso prova mais uma vez que as Nações Unidas são uma marionete dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França e não uma instituição que está aqui para servir aos interesses da população mundial", completou. A passeata é vista, também, como um importante teste para a Polícia italiana, pouco mais de um ano após a morte de um rapaz em protestos contra a globalização, em Gênova. As autoridades de Florença, temendo danos a obras de arte como o Davi, de Michelangelo, destacaram mais de 6.000 policiais para patrulhar a cidade e áreas periféricas durante a marcha. Além disso o Tratado de Schengen, adotado pela União Européia e que dispensa o controle alfandegário para viajantes de países que integram o bloco, foi suspenso pelo governo italiano durante o evento em Florença. Com quatro dias de duração, o Fórum Social Europeu é a primeira tentativa de unificação de dezenas de grupos militantes espalhados pelo continente.

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo