Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Para não dizer que não falei de Freixo

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Sábado, 30 de Dezembro de 2017 às 13:54, por: CdB

O que Freixo disse, o PSOL sempre fez. E faz, nos movimentos sociais e nas eleições. Divisionismo e muita torcida para Lula e o PT serem derrotados pela direita.

 

Por Val Carvalho - do Rio de Janeiro

 

Muita reação justa e necessária contra a declaração de Freixo de que “não é o momento de unificar a esquerda”. Algumas, até exageradas, com xingamentos pessoais, outras, com as platitudes de sempre, do tipo de que não “é momento de se fazer crítica” ou de não se deve dar “palco para Freixo”.

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Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil

Entendo que, na luta ideológica, as críticas à direita e à ultraesquerda são sempre necessárias. Essa foi uma das amargas lições de nossa derrota com golpe de 2016. Contudo, sempre faço críticas às políticas que julgo erradas e nocivas para o avanço da luta do momento concreto; mas nunca com ofensas às pessoas.

A derrota do golpe e a conquista do Estado democrático de direito é o maior e mais unitário objetivo do campo democrático e popular. Não há nenhuma justificativa para se “correr por fora”; menos ainda para se tirar “casquinha” dos poderosos ataques da direita contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. Até porque, nas Caravanas e nas pesquisas, o povo já apontou o caminho. A volta de Lula para resgatar os direitos e reinstalar a democracia e a soberania nacional.

Esquerda

O povo que apoia Lula, cerca de 45 milhões de pessoas, segundo as pesquisas, não quer saber de julgamentos fabricados sob medida para tirá-lo da disputa. Nesse sentido, ignora as “leis” do golpe como no passado os trabalhadores ignoraram a proibição de greve da ditadura e desencadearam o movimento operário que gerou Lula e o PT e 22 anos depois, a primeira vitória de um operário para presidente da República.

O que Freixo disse, o PSOL sempre fez. E faz, nos movimentos sociais e nas eleições. Divisionismo e muita torcida para Lula e o PT serem derrotados pela direita; para então ele ocupar o primeiro lugar no pódio da esquerda. Mesmo que isso seja à custa da transformação da luta social num cemitério golpista.


Freixo agiu de forma desprezível porque ocupou o palco que a direita lhe ofereceu para atacar outro partido da esquerda; e num momento em que um golpe cruel esmaga o povo. Para a direita brasileira, é muito fácil combater a esquerda. Basta manipular as suas eternas disputas internas, enquanto ela consolida o seu poder.

Maringoni

Por isso, critico a política do PSOL e do oportunismo de seu “pós-Lula”; copiado da propaganda da direita golpista. Mas concentro as críticas na possível cooptação de Boulos; pois a sua equivocada candidatura seria o resultado provável do projeto eleitoral divisionista do PSOL. Não gostaria que Boulos fosse o candidato desse partido de classe média.

Nem que ele, com essa atitude egoísta, embora ainda não definitiva, se afastasse da luta unitária pela democracia. Daí a necessidade de se criticá-lo e constrangê-lo, como muito bem fez o psolista responsável, Gilberto Maringoni.

A autêntica liderança popular de Boulos não merece que seja lançado candidato a presidente num apartamento no Leblon; e ainda por cima, numa conversa particular de Freixo com Paula Lavigne.

Mas o mundo gira e a lusitana roda!

Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.

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