A condenação de um alto funcionário do governo norte-americano por perjúrio, em um tribunal dos Estados Unidos, "é mais um ponto contra os republicanos", avaliou, nesta quarta-feira, o candidato democrata à sucessão de George W. Bush, Barack Obama. O ex-chefe de gabinete do vice-presidente foi considerado culpado por mentir perante o júri, sob juramento. Lewis Libby incorreu, ainda, nos crimes de obstrução da justiça e falso testemunho.
Libby pode ser condenado a até 25 anos de prisão. A sentença deve ser divulgada em junho. Ele foi acusado de mentir em um tribunal e a investigadores do FBI (a polícia federal norte-americana) sobre fatos a respeito da divulgação ilegal da identidade da agente Valerie Plame, da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos).
No julgamento, encerrado nesta terça-feira, Libby foi considerado inocente em uma acusação de falso testemunho e culpado em duas acusações de perjúrio, uma de obstrução da justiça e uma de falso testemunho.
A identidade de Plame foi divulgada a jornalistas em 2003, depois que o marido dela, o ex-embaixador norte-americano Joseph Wilson, publicou no diário The New York Times um artigo em que dizia que uma das principais razões para a invasão do Iraque não tinha fundamento. A revelação da identidade de um agente secreto da CIA, como era Plame, é crime nos Estados Unidos.
Wilson acusou a Casa Branca de vazar a conexão de Plame com a CIA para acabar com a reputação dele ou como vingança por suas críticas. A Casa Branca rejeita as alegações. No julgamento, o que foi analisado foi o possível acobertamento de quem teria vazado o nome da agente da CIA, e não quem o teria vazado.
Libby havia dito em um tribunal e a investigadores do FBI que ele só ficara sabendo da identidade de Plame por meio da imprensa. No entanto, várias testemunhas ouvidas no caso disseram que ele falou sobre a identidade da agente antes da data em que disse que tomou conhecimento dela.
- Ele alega que esqueceu de nove conversas com oito pessoas durante um período de quatro semanas - disse o promotor Peter Zeidenberg em suas considerações finais.
A defesa alegou que Libby teve lapsos de memória, resultado da pressão das inúmeras responsabilidades que tinha como assessor da Casa Branca.
- Ele foi bombardeado com uma quantidade imensa de informações - disse o advogado de defesa, Theodore Wells.