Rio de Janeiro, 31 de Dezembro de 2025

O 'oportunismo crasso' do PSDB

Por Alexandre Weffort -

Quarta, 14 de Junho de 2017 às 06:23, por: CdB



Por Alexandre Weffort - de São Paulo:

O "oportunismo crasso" recorre ao nome de Marco Licínio Crasso, político romano que viveu entre 114 e 53 a.C. e ao chamado "erro crasso", que a História conservou com valor de paradigma por mais de dois milénios. Erro de natureza estratégica, do qual resultou a derrota na batalha de Carras, o "erro crasso" simboliza a falha grosseira com consequências trágicas e fatais. Já no caso do "oportunismo crasso" do PSDB não há falha: é absolutamente intencional, crónico e doloso.

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Matéria de capa do site do PSDB após reunião que decidiu manter apoio ao governo Temer

As notícias publicadas na mídia dão conta do óbvio: em maio passado. Ao comentar o escândalo das conversas de Temer com os donos da JBS, FHC já dizia que "o PSDB, “tem que ter cautela”. Para desembarcar do governo por apoiar desde o início o plano econômico de Temer. Disse que seria “oportunismo” sair correndo num primeiro momento. Não descartou, no entanto, uma mudança de opinião do partido".

Neste fim de semana, a mídia apontava:". O que está em jogo agora, dizem os dirigentes tucanos. É o futuro do partido e seu papel em 2018. A avaliação recorrente é de que o PSDB já perdeu o protagonismo do desembarque e ainda queimou a largada ao prospectar a eventual candidatura de Tasso Jereissati (CE) em caso de eleição indireta".

Temer

Por fim, em matéria intitulada "Permanência do PSDB fortalece Temer. Mas é arriscada para tucanos" diz-se, que "o temor é que o desgaste do presidente. Acabe contaminando os tucanos e fragilizando o discurso anticorrupção. Entoado por congressistas do partido".

Mas em contraponto, e citando Esther Solano, professora de sociologia da Unifesp. Afirma que "é do interesse de Aécio e de seus aliados ter o apoio do PMDB para tentar esticar seu mandato e se proteger da Lava Jato".

Anti-política

O discurso da anti-política (de Dória, entre outros) já se conformou à prática política dominante. Onde campeia a corrupção. A máscara ideológica envernizada da direita institucional caiu junto com Aécio. Sobrou aquilo que a irmana com Temer e seu governo.

A contradição do PSDB expressa-se aqui no seguinte. Seria oportunismo sair, como é oportunismo ficar. Afinal, mesmo constituindo um risco. Temer presta serviço aos interesses representados pelo PSDB.

Seja a nível estratégico (com as reformas anti-populares), seja a nível tático (é Temer quem dá a cara). No plano eleitoral, o PSDB receia ter que avançar sozinho. Mas sabe também que, por vezes, é melhor só que mal acompanhado.


Alexandre Weffort é professor, mestre em Ciência das Religiões e doutorando em Comunicação e Cultura.

 

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