Reservadamente, alguns ministros defendem a remessa dos processos a um dos integrantes da Segunda Turma da Corte — da qual Teori Zavascki fazia parte
Por Redação - de Brasília
A disputa para a escolha do nome que substituirá o do ex-ministro Teori Zavascki na relatoria da Operação Lava Jato ganha novos contorno. De um lado, o presidente de facto, Michel Temer — citado 43 vezes no processo em curso no Supremo Tribunal Federal — diz que busca uma indicação técnica. Alguém capaz de seguir o perfil do magistrado morto na queda de um avião em Paraty, na última sexta-feira.
Neste domingo, Temer se reuniu com dois de seus principais aliados: o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e o secretário de Parcerias e Investimentos Moreira Franco, no Palácio do Jaburu na tarde de domingo. O conteúdo do encontro não foi revelado. Analistas políticos ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil disseram que a indicação do novo ministro do Supremo e a relatoria da Lava Jato constaram na pauta da reunião.
Segundo a assessoria do Planalto, tratou-se apenas de "um encontro de amigos há mais de 30 anos". Nos bastidores, especula-se que Gilmar Mendes possa ser indicado para relatar a Lava Jato.
No STF
Na outra ponta, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, preferiu não se manifestar, ainda, sobre a escolha. Mas também avalia as soluções para o vazio deixado pela morte de Zavascki. Ministros da Corte ouvidos pelos jornalistas têm opiniões diversas sobre como a escolha do substituto deverá ocorrer.
Reservadamente, alguns ministros defendem a remessa dos processos a um dos integrantes da Segunda Turma da Corte — da qual Teori Zavascki fazia parte. Neste caso, a relatoria ficaria com Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffolli ou Celso de Mello.
Outros, no entanto, alegam que a distribuição deveria ser feita entre todos os magistrados do Supremo. Entre os integrantes da Corte há também quem apoie uma decisão de Cármen Lúcia de acordo com o regimento interno, deixando o processo ao substituto de Teori no Tribunal, escolhido por Michel Temer.
No Plenário
Se outros artigos do regimento forem seguidos, ainda é possível que casos urgentes sejam encaminhados aos ministros revisores da Lava Jato. Na Segunda Turma, o revisor é o decano, Celso de Mello. No plenário, o revisor é Luís Roberto Barroso.
Os investigados a serem julgados pelo STF são aqueles com foro privilegiado, como ministros de Estado, deputados e senadores. Teori pretendia decidir sobre a homologação das delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht na primeira quinzena de fevereiro. Sua morte criou apreensão sobre a manutenção do caráter técnico na condução do relator.