Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Movimento pela queda de Temer ganha força no Plenário da Câmara

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Sexta, 13 de Outubro de 2017 às 12:26, por: CdB

Parlamentares trabalham em silêncio para liberar a segunda denúncia contra Temer e afastá-lo do Planalto.

 

Por Redação - de Brasília

 

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem, novamente, o controle da sucessão presidencial. Nem esconde mais o ambiente de estresse entre ele e o presidente de facto, Michel Temer. Ficou público o afastamento, no início desta semana, após a visível irritação com os líderes do governo, que retiraram seus deputados de Plenário. Evitaram, assim, o quórum necessário para a votação da medida provisória que trata do novo marco punitivo das instituições financeiras.

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Temer e Maia, outrora aliados no golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff, hoje inimigos não declarados

Maia saiu em defesa do sistema financeiro e do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

— O governo não quis votar a MP 784. O governo derrotou o presidente do Banco Central — disse Maia, visivelmente irritado.

Era, na realidade, o motivo que estava esperando para se sentir livre o suficiente para conversar com um grupo de parlamentares que querem o afastamento de Temer do poder. A facção formada no Plenário da Câmara conta com o apoio firme de parcela significativa do PIB brasileiro. Agora, Maia se mostra mais independente do peemedebista, cuja popularidade de 3% se transformou em margem de erro entre zero e 6% na aprovação dos eleitores.

Eleições em 2018

No Congresso, segundo afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), com exclusividade para a reportagem do Correio do Brasil, “há um movimento sólido na oposição e estamos buscando ampliar em outras bancadas e com a pressão dos movimentos sociais”.

— Com a queda de Temer geramos crise para o campo adversário e fragilização da continuidade de sua agenda. A manutenção de Temer terá como consequência seu fortalecimento e colocação em pauta da reforma da previdência — afirma Jandira.

Mas, ainda segundo a parlamentar, é preciso um nível maior de mobilização, na sociedade, para garantir as eleições no ano que vem, pois “a articulação no campo institucional não é suficiente”.

— Esta questão (das eleições) não depende apenas de Rodrigo Maia; mas da correlação de forças que tem em um dos polos o consórcio que articulou o golpe de Estado. Precisamos construir um grande levante democrático para garantir a realização das eleições e a participação plena das candidaturas — afirmou.

Qualquer movimento

Para o deputado federal Silvio Costa (Avante-PE), crítico ferrenho do peemedebista, a nova face de Rodrigo Maia pode ser, ou não, um novo sinal de que articula a derrubada de Temer. Mas uma coisa é certa:

— O Rodrigo Maia está sendo muito correto com Temer. Se Maia mexer com as pedras, o Temer cai. Temer tem que ficar agradecido a ele, porque se Rodrigo fizer algum movimento, ele cai. Não tenho dúvida disso — diz Costa, a jornalistas.

O tempo, portanto, joga contra Temer. Se depender de um movimento de Maia para ficar ou sair do Palácio do Planalto, Temer precisará encerrar a questão o quanto antes. O parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), favorável ao peemedebista e contrário à denúncia, porém, somente será votado na Comissão de Constituição e Justiça na semana que vem. Até lá, Maia segue com a agenda tomada de reuniões com líderes partidários.

Reformas

Os encontros, para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), significam que Rodrigo Maia "está em movimento”; o que pode mover as pedras que sustentam o peemedebista.

— Acho que há um movimento em curso, por parte do presidente da Câmara, para tentar se viabilizar enquanto uma alternativa. Ele só não deflagrou esse movimento porque ainda não tem a segurança de ter os 342 votos. A partir do momento em que tiver, nas contas dele, condições de buscar essa votação, eles vão abrir um movimento para afastar Temer e dar o golpe no golpe — prevê Pimenta.

A substituição de Temer por Maia, segundo o parlamentar gaúcho, seria uma forma de votar as reformas que faltam, principalmente a da Previdência, com um quórum mais alto.

— A tentativa tem por objetivo criar uma maioria que possa fazer as reformas que o Temer não consegue mais entregar. Maia não está dando esses sinais à toa: está em movimento — conclui.

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