Militantes podem estar se passando por imigrantes, dizem especialistas
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Sexta, 28 de Agosto de 2015 às 07:55, por: CdB
Por Redação, com Reuters - Londres:
O risco de que grupos como o Estado Islâmico possam infiltrar militantes na Europa no meio de uma enorme onda de imigrantes é muito menor do que alguns políticos sugerem, de acordo com especialistas em segurança com laços estreitos com os governos e agências de inteligência.
Até o fim de julho, mais de um terço do 1 milhão de imigrantes e refugiados tinha entrado na União Europeia, principalmente através de Itália, Grécia e Hungria, segundo a agência de fronteiras da UE, a Frontex. O fluxo continua inabalável em agosto.
Uma vez dentro das fronteiras do espaço Schengen do bloco, os recém-chegados, boa parte de países como Síria e Iraque, onde o Estado Islâmico detém influência sobre vastas áreas, estão livres para viajar por 26 países sem restrições ou checagem de documentos.
Isso fez com que os partidos anti-imigração, como a italiana Liga Norte e o Ukip, da Grã-Bretanha, lançassem alertas sobre a ameaça de infiltração.
Mesmo o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, disse a repórteres em maio: "Claro, um dos problemas é que pode haver combatentes estrangeiros. Pode haver terroristas também tentando esconder-se... misturando-se entre os imigrantes."
Mas essas advertências se chocam com o ceticismo de especialistas em segurança, que observam que o fluxo de combatentes tem ido principalmente na direção oposta, da Europa para o Oriente Médio.
- O Estado Islâmico não tem necessidade de exportar combatentes para a Europa porque importa lutadores da Europa - disse Claude Moniquet, um ex-agente de inteligência francesa que lidera o Centro Estratégico Europeu de Segurança e Inteligência, em Bruxelas.
- Há cinco a seis mil europeus que estão ou estiveram na Síria, e outros estão partindo o tempo todo. Então, é difícil ver vantagem para Estado Islâmico em exportar sírios ou iraquianos, pessoas que falam árabe, que conhecem o Iraque e a Síria, e das quais eles precisam lá.
Para voluntários europeus que foram treinados e lutaram no Iraque ou na Síria, mas querem voltar para casa sem serem detectados, a ideia de se esconder entre os grandes grupos de imigrantes pode ter algum apelo.
Mas os riscos são enormes.
Cerca de 3,6 mil pessoas morreram tentando chegar à Itália, Grécia e Espanha por mar nos últimos 12 meses, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações, cifras anteriores à notícia de outro navio naufragado na quinta-feira e da descoberta de 71 cadáveres de refugiados em um caminhão na Áustria.
Mesmo aqueles que sobrevivem à viagem para a Europa enfrentam terríveis condições no caminho, além do risco de serem detidos e interrogados na chegada.
- É uma maneira muito complicada para os terroristas entrarem na União Europeia. Há um monte de formas mais fáceis de entrar - como usar documentos falsos ou passaportes roubados, disse o diretor de pesquisas do Centro para Estudos de Ameaça Assimétrica do Colégio de Defesa Nacional da Suécia, Magnus Ranstorp.