Sindicatos convocam greve geral e marcha contra novas medidas exigidas por credores internacionais em troca de empréstimo. Em Atenas, policiais e manifestantes entram em choque em frente ao Parlamento
Por Redação, com DW - de Atenas:
Milhares de pessoas protestaram contra novas medidas de austeridade nesta quarta-feira na Grécia, em meio a uma greve geral de 24 horas. Segundo cálculos da polícia, as manifestações reuniram 12 mil pessoas em Atenas, onde houve confronto entre policiais e manifestantes, e 6 mil em Tessalônica, segunda maior cidade grega.
Em Atenas, policiais e manifestantes entraram em confronto em frente ao Parlamento. Ao fim de uma marcha que, até então, transcorrera de forma pacífica. Um pequeno grupo de manifestantes lançou pedras e coquetéis molotov contra os policiais, que responderam com gás lacrimogêneo.
A greve geral foi convocada pelos principais sindicatos dos setores público e privado. Em protesto contra as novas medidas de austeridade exigidas pelos credores internacionais. O Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI), em troca de um empréstimo já programado. O pacote de medidas deverá ir a votação no Parlamento grego nesta quinta-feira.
Reformas
As reformas ajudarão a desbloquear um empréstimo de 86 bilhões de euros, o terceiro que o país tomará em sete anos. O pacote inclui um novo corte nas aposentadorias, desta vez a partir de 2019, e elevação de impostos a partir de 2020. Ao todo, os cortes somam 4,9 bilhões de euros. A Grécia ainda não se livrou dos efeitos da sua crise da dívida, com o desemprego atingindo uma em cada quatro pessoas no mercado de trabalho.
Nesta quarta-feira, professores, médicos e profissionais de várias outras categorias cruzaram os braços. O transporte público foi interrompido na capital. Nos hospitais públicos, apenas o setor de emergência está funcionando. Controladores de voo interromperam o serviço por quatro horas, levando ao adiamento ou cancelamento de mais de 150 voos. Balsas que levam às ilhas gregas não funcionarão até sexta-feira.
UE
– Queremos enviar uma mensagem decisiva ao governo, à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional de que não vamos deixá-los cortar nossas vidas – afirmou o sindicalista Alekos Perrakis, da organização sindical comunista Pame.
Policiais também protestaram, bloqueando uma entrada do Ministério da Justiça. Eles exibiram uma faixa em grego e em alemão, direcionada ao primeiro-ministro Alexis Tsipras e à chanceler federal Angela Merkel, com os dizeres. "Quanto vale a vida de um policial grego?" A Alemanha, uma das principais contribuintes dos pacotes de resgate. É um dos países europeus que mais pressiona por reformas na Grécia.