O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta segunda-feira, que não pretende debater com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, as ações do colega venezuelano, Hugo Chávez, na América do Sul.
- Eu não acredito que o presidente Bush venha conversar comigo um assunto como esse. Eu respeito a soberania de cada país. Eu acho que não há espaço para a gente discutir problemas de outros países, a não ser discutir os nossos próprios problemas. Se nós conseguirmos avançar nos nossos problemas e encontrarmos soluções para o acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC) e para o biocombustível, nós já estaremos fazendo um bem à humanidade, extraordinário - afirmou Lula no programa de rádio Café com o Presidente. Os dois presidentes têm encontro marcado na próxima sexta-feira, em São Paulo.
Ele disse ainda que os temas a serem tratados com Bush serão as negociações da Rodada Doha, da OMC, sobre subsídio agrícola e a produção de biocombustíveis. As negociações da rodada estão travadas desde julho do ano passado. No programa, Lula afirmou que um acordo na rodada está próximo de ser fechado, o que irá facilitar o acesso dos produtos agrícolas de países pobres aos mercados europeu e norte-americano.
- O presidente dos Estados Unidos sempre tem um peso importante nessa coisa, porque se os Estados Unidos forem favoráveis a um acordo, facilita esse acordo. Bem, essa é uma conversa que eu pretendo ter a fundo com o presidente Bush - disse.
Lula voltou a criticar os subsídios que os Estados Unidos e a União Européia dão aos agricultores de seus países, o que prejudica a disputa dos produtos das nações menos desenvolvidas no mercado internacional.
- Estamos pedindo é que os Estados Unidos deixem de dar o subsídio que dão hoje, que a União Européia flexibilize a entrada de produtos de países de Terceiro Mundo e que os países do G-20, do qual Brasil, Índia e China fazem parte, flexibilizem produtos industriais em setor de serviço. Nós estamos dispostos a fazer a nossa parte desde que eles façam a parte deles. E, sobretudo, eles falam muito em livre comércio, mas eles gostam de proteger os seus produtos - afirmou.
Etanol
A redução dos impostos cobrados pelos Estados Unidos sobre o álcool combustível (etanol) brasileiro também é um dos pontos centrais da conversa agendada entre Lula e Bush, na próxima sexta-feira.
- Se é para ter livre comércio, vamos ter livre comércio paraque a gente tenha oportunidade de vender e de comprar. Não tem sentidoa alta taxa que os Estados Unidos impõem ao álcool brasileiro - afirmou Lula.
Ao exportar etanol para os Estados Unidos, os produtores brasileiros têm de pagar US$ 0,54 por galão, o equivalente a R$ 0,30 por litro, e mais imposto de 2,5%, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que reúne os maiores produtores de álcool combustível do centro-sul do país.
Na semana passada, os usineiros pediram ao presidente Lula que negocie com o governo norte-americano a reduçãodas taxas. Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, informou que o governo brasileiro quer aproveitar a demanda dos Estados Unidos por biocombustível para negociar uma cota livre de tributos de exportação.
Conforme dados da Unica, Brasil e Estados Unidos são responsáveis por 70% da produção mundial de etanol. Os norte-americanos produzem o combustível a partir do milho, mais caro, e os brasileiros, de cana-de-açúcar. Dos 3,5 bilhões de litros de etanol exportados pelo Brasil no ano passado, 2 bilhões foram para os Estados Unidos. A produção total brasileira é de 18 bilhões de litros anuais.
- Quando os Estados Unidos tiram o milho do mercado de ração para produzir álcool, o álcool fica caro e o milho também fica caro - explicou o presidente.
No programa de rádio, Lula destacou que a produção de combustível alternativo, como álcool e b