O secretário do Ambiente, Carlos Minc, e o presidente da Cedae, Wagner Victer, anunciaram nesta quinta-feira, a montagem de um gabinete de emergência que vai administrar medidas para diminuir o impacto em municípios do Norte Fluminense do vazamento de grande quantidade de lama, sedimentos e sulfato de alumínio de barragem da empresa Mineração Rio Pomba Cataguases, em Mirai (MG). O sulfato de alumínio é material usado, geralmente, no tratamento de água de piscina.
O gabinete de emergência é formado pela Secretaria do Ambiente, Cedae, Feema, Serla e Defesa Civil. A Secretaria de Estado de Agricultura também foi contatada para tomar medidas preventivas junto a agricultores, como a retirada do gado das margens do rio, ações para salvar lavouras e o corte do suprimento de água para irrigação.
Na manhã desta quinta-feira a lama com os resíduos de bauxita atingiram o Rio Muriaé, que corta os municípios de Laje do Muriaé, Itaperuna e São José de Ubá, norte do Estado do Rio de Janeiro.
Imediatamente, Victer e Minc determinaram o envio de equipes técnicas ao local do acidente, para avaliações e o início das primeiras ações emergenciais. Segundo o monitoramento realizado durante a madrugada constatou que o nível de turbidez da água do rio Muriaé está 200 vezes acima do normal, com partículas que impedem o funcionamento de estações de tratamento. A pesquisa foi feita a 40 quilômetros da divisa com o Rio.
- A analise aponta que o acidente é de alta gravidade. Embora os produtos não sejam tóxicos, o alto indicie de turbidez da água indica que haverá grande mortandade de peixes - afirmou o presidente da Cedae.
Nesta quinta Wagner Victer visitou os locais mais afetados e se reunirá com representantes das cidades para discutir as soluções emergênciais. Segundo a Feama o vazamento foi de cerca de 2 milhões de m3 de material contido no dique da empresa.
O acidente ocorreu após um temporal de cinco horas de duração, duas barragens da mineradora Rio Pomba Cataguazes, na Zona da Mata de Minas Gerais, romperam e inundaram as cidades de Miraí e Muriaé com resíduos de bauxita, atingindo várias fazendas e chegando às cidades arrastando casas e matando animais. Sete bairros ficaram submersos em Muriaé, onde a força da água ameaça a estrutura de concreto de uma ponte que acabou por ser interditada.
Trata-se de volume cinco vezes superior ao material que vazou da mesma empresa, em março de 2006, em acidente no mesmo dique. A Feema e a Cedae já estão monitorando a qualidade da água do Rio Pomba e a Copasa (empresa de água de MG) suprirá com caminhões-pipa o consumo de moradores de Lage do Muriaé e Itaperuna, que terão o abastecimento cortado. Cerca de 90 mil pessoas podem ficar sem água na divisa dos dois estados.
Além disso, Minc ordenou que a Procuradoria da Secretaria do Ambiente acione judicialmente a empresa. Para ele, "é inaceitável" que a mesma empresa seja responsável por um acidente ainda maior que o ocorrido há menos de um ano. A empresa também será acionada judicialmente por crime ambiental, multada e, eventualmente, fechada.
No ano passado a empresa conseguiu cancelar a multa porque na época não foi elaborado um laudo do acidente. Apesar de ter assinado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o governo de Minas, a mineradora não terminou a obra necessária de contenção do dique, que voltou a romper.
Lama tóxica que vem de Minas ameaça norte do Estado do Rio
Lage do Muriaé e Itaperuna terão abastecimento de água cortado Caminhões-pipa levaram a água para o consumo. Cerca de 90 mil pessoas podem ficar sem água na divisa dos dois estados. (Leia Mais)
Quinta, 11 de Janeiro de 2007 às 09:17, por: CdB