Kuczynski foi salvo em uma votação graças a parlamentares fiéis a Fujimori. Dois dias depois ele perdoou o ex-presidente adoecido
Por Redação, com Reuters - de Lima:
O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pode reformular o ministério nos próximos dias, depois de causar revolta por conceder um perdão ao ex-líder autoritário Alberto Fujimori, anunciou a primeira-ministra do país na quarta-feira.
A premiê Mercedes Araóz disse que Kuczynski, ex-investidor de Wall Street de 79 anos; pediu que ela permaneça à frente do gabinete e busque maneiras de fortalecê-lo.
– O presidente me pediu para realizar uma análise abrangente, e veremos o que acontece nos próximos dias – disse Araóz em uma coletiva de imprensa; em sua primeira aparição pública desde o anúncio do perdão, na véspera de Natal.
Nas últimas duas semanas a situação política do país, um grande exportador de metais; se tornou volátil subitamente depois que o Congresso dominado pela oposição de direita tentou destituir Kuczynski, de centro-direita, em reação a um escândalo de corrupção.
Kuczynski foi salvo em uma votação graças a parlamentares fiéis a Fujimori. Dois dias depois ele perdoou o ex-presidente adoecido; provocando protestos violentos e renúncias de políticos. Opositores alegam que o indulto foi um pagamento pela manutenção de Kuczynski no cargo.
Não ficou claro quais ministros estarão vulneráveis em uma eventual reformulação. Mas esta pode levar a uma guinada do governo para a direita; já que os ex-apoiadores de esquerda de Kuczynski o acusaram de ser um “traidor” por perdoar Fujimori.
Não se planeja substituir a ministra das Finanças, Claudia Cooper, disse uma fonte do governo.
Fujimori se encontra estável em um hospital de Lima, para onde foi levado às pressas da prisão no sábado; para se tratado de um problema grave de pressão e problemas cardíacos; de acordo com seu médico.
Decisão de Kuczynski
Araóz disse respeitar a decisão de Kuczynski de perdoar Fujimori, e enfatizou que ele estava estudando a medida muito antes da votação do Congresso para tentar depô-lo.
– Nem eu, nem qualquer membro do meu gabinete, nem o partido governista Peruanos pela Mudança participou de qualquer negociação para trocar um perdão humanitário (por votos) – afirmou a premiê.
Fujimori cumpriu 12 anos de uma pena de 25 anos por corrupção e crimes contra os direitos humanos durante seu governo de direita entre 1990 e 2000. O indulto de Kuczynski o livrou das acusações e o blinda de qualquer julgamento referente a processos judiciais pendentes.
Fujimori é rejeitado por muitos que o veem como um ditador corrupto, mas admirado por outros que lhe dão crédito por ter encerrado uma crise econômica e aniquilado o grupo de esquerda Sendero Luminoso.