Segundo informou o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), o partido irá entregar, nesta terça-feira, cartas de demissão de pelo menos quatro cargos importantes no governo federal - as presidências da Eletronorte e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e diretorias da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) e da Eletronuclear - e ainda outros seis de menos relevância.
O presidente da Eletronorte, Roberto Garcia Salmeron é citado, ao lado do ex-diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório Menezes Batista, como um dos dois principais "apoios" do grupo de Jefferson em Brasília.
O deputado federal anunciou a entrega dos cargos, após prestar um depoimento que durou três horas, na segunda-feira. O procurador da República Bruno Caiado de Acioli, foi quem ouviu o depoimento, e investiga, no decorrer de um inquérito civil público, suposta improbidade administrativa nos Correios.
- Pedi a todos os colegas que entregassem suas cartas de demissão - disse Jefferson.
A estratégia é demonstrar suposta lisura nas investigações sobre o vídeo em que o ex-chefe do Departamento de Contratações e Administração de Material, Maurício Marinho, aparece recebendo propina de dois supostos empresários.
Já Walfrido Mares Guia, ministro de Turismo, e único do PTB, poderá continuar no cargo, se quiser. Pois, como informou Jefferson, ele foi uma indicação do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e não um a indicação partidária.
Jefferson fez elogios ao presidente Lula, que na semana passada chamou-o de "parceiro" e manifestou apoio ao parlamentar.
- É um dos maiores seres humanos que conheci na vida. Ele (Lula) não vai se arrepender de ter conhecido o Roberto Jefferson - disse o deputado.
Jefferson afirmou que continua pedindo "a todos os companheiros" do PTB que assinem a criação da CPI dos Correios. E, no depoimento prestado ao Ministério Público, ele acusou dois supostos emissários de uma empresa que teria "interesses contrariados" pela administração dos Correios.
Jefferson voltou a dizer que foi procurado em Belém (PA) por um certo "comandante Molina", que seria o consultor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Antônio Gerardo Molina Gonçalves, para fazer "negócios" nos Correios. Jefferson teria orientado Molina a procurar o então diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório Batista. Mas que teria expulsado Molina de seu gabinete. Indagado sobre a razão de não ter acionado a polícia para apurar a conversa de Molina, Jefferson respondeu:
- Não acreditei. Achei que era um blefe.
O deputado negou que o PTB tenha pedido ao presidente do IRB-Brasil Resseguros, Luiz Appolonio, que deve deixar o cargo a partir de hoje, uma "mesada de R$ 400 mil":
- É uma maledicência, uma acusação solta, maledicente, pequena - disse Roberto Jefferson.
O ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, vai prestar depoimento na manhã desta terça-feira na sede da Polícia Federal, em Brasília.
Na segunda-feira, a Polícia Federal realizou operações de busca e apreensão de documentos e computadores na sede da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) em Brasília e nas residências do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, e de Fernando Leite de Godoy, assessor do diretor de Administração dos Correios, Antonio Osório Batista.