Sem fatos novos, a investigação começa a "cheirar mal”. E os que querem incentivá-la já não buscam acusar Trump de ligações com a Rússia.
Por Redação, com Sputniknews - de Moscou
A investigação sobre suposta atividade de hackers russos nas eleições norte-americanas, como destacou o canal de TV de ultradireita FoxNews, “deu em nada”. O caso tem gerado uma crise internacional ao longo dos últimos meses, sobre o suposto conluio de Donald Trump com a Rússia.
Sem novos fatos, o escândalo começa a "cheirar mal" e os que querem incentivá-lo já não buscam acusar Trump de ligações com a Rússia. Mas tentam apenas encontrar provas de que ele podia interferir no decurso da investigação.
Com Hillary
Grosso modo, face à inexistência de fatos reais, são usados quaisquer pretextos. Como aquele, por exemplo, que diz que "a Rússia há décadas que tenta minar os EUA". Viktor Marakhovski, colunista da agência russa de notícias Sputnik, lembra que há 15 anos, sob o pretexto das supostas armas químicas, foi destruído o Iraque. Chega-se, assim, à conclusão de que a falta de provas nunca impediu as companhas de demonização.
O autor escreve que o que está acontecendo na sociedade norte-americana hoje em dia se chama paranoia. E destaca que toda essa perturbação já foi descrita há muito anos na Rússia.
Apenas um ano atrás, antes das eleições norte-americanas, em certos círculos reinavam ânimos anti-americanos. Alguns acusavam os EUA e a política de Obama de todos os males. Principalmente econômicos. Considerava-se que, "com Hilary seria pior".
Paranóia
Ao ser questionados "por quê?", eles juravam que os EUA precisam de uma Rússia fraca. Eles semeiam a instabilidade em todo o mundo. "A visão antiamericana é uma compensação da própria distrofia e debilidade política", cita Marakhovsky um dos artigos da época.
"Era muito mais fácil aceitar a posição anti-ocidental do que perceber a realidade e encontrar a solução do problema. É como relembra o autor.
Passado menos de um ano, continua Marakhovski, hoje em dia a mesma paranoia se tornou mainstream nos países. A saber, não sofrem de problemas econômicas e são politicamente maduros.
"O que mais impressiona é que a campanha de paranoia está sendo desenvolvida pelos países mais avançados. E por representantes das mais modernas ideias políticas. Não pelos 'plebeus', que de acordo com os 'liberais' votaram na candidatura de Trump", frisa o colunista.
Conclusões
Assim o autor chega a duas conclusões opostas.
Primeira: não existe na famosa democracia liberal nenhuma magia que garanta à nação uma visão sóbria do mundo. Uma que a ajude a evitar buscar inimigos externos. A maturidade da nação é garantida pela instrução, bagagem cultural e por uma visão abrangente do mundo. Se estes fatores estão ausentes, ao enfrentar qualquer problema, o povo se torna paranoico, sujeito a todo o tipo de propaganda.
Segunda: sim, existe a magia da sociedade democrática. Só que o "conluio russo para minar os EUA", a democracia e as liberdades ocidentais é muito mais forte (do que essa magia). É tão diabolicamente eficaz que deu certo. Por isso, hoje em dia, as nações avançadas estão mergulhando em um novo tipo de escravatura e cultivam a "psicologia da fortaleza assediada".