Rio de Janeiro, 27 de Dezembro de 2025

Investidores reagem com calma a anúncio de déficit fiscal maior

Na véspera, o governo anunciou novas e maiores metas de déficit fiscal primário, que subirão a R$ 159 bilhões neste e no próximo ano.

Quarta, 16 de Agosto de 2017 às 11:59, por: CdB

Na véspera, o governo anunciou novas e maiores metas de déficit fiscal primário, que subirão a R$ 159 bilhões neste e no próximo ano.

 

Por Redação - de São Paulo

 

O dólar operava com leves oscilações ante o real nesta quarta-feira, com os investidores mantendo a cautela diante da necessidade de o Congresso Nacional ainda ter de aprovar diversas medidas anunciadas pelo governo para gerenciar as contas públicas do país. Às 10h30, o dólar recuava 0,01%, a R$ 3,1725 na venda, depois de cair 0,91%, para R$ 3,1728 na véspera. O dólar futuro tinha leve alta de cerca de 0,05%.

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Para 2017, a estimativa de déficit saiu de R$ 92,080 bilhões para R$ 159 bilhões

"O anúncio ficou dentro da expectativa, mas ainda é preciso aprovar tudo o que o governo sugeriu", afirmou o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira, ressaltando que a aprovação da reforma da Previdência também é essencial.

Na véspera, o governo anunciou novas e maiores metas de déficit fiscal primário, que subirão a R$ 159 bilhões neste e no próximo ano; confirmando a tendência de deterioração das contas públicas. O quadro poderá ficar pior, caso o Congresso Nacional não aprove medidas impopulares apresentadas para limitar o rombo e aumentar as receitas.

Fora do radar

Entre elas, a reoneração da folha de pagamento de empresas e a elevação da contribuição previdenciária por funcionários públicos.

De modo geral, os mercados já haviam precificado essas mudanças no cenário fiscal antes. Por isso, nem mesmo o voto de confiança dado ao governo pela Standard & Poor's na véspera fazia muito preço nessa sessão.

A agência de classificação de risco retirou a observação negativa sobre o rating do Brasil e passou a perspectiva negativa. Na prática, isso significa que tirou do radar a possibilidade de corte da nota do país sem um aviso prévio.

— Se houvesse uma alteração na nota pela S&P, teria forte impacto no mercado — afirmou o presidente do correspondente cambial BeeCâmbio, Fernando Pavani.

Os investidores também estavam de olho no cenário externo, à espera da ata do Federal Reserve, banco central norte-americano, que será divulgada às 15:00 (horário de Brasília), em buscas de sinais sobre eventual novo aumento de juros nos Estados Unidos.

O dólar caía ante divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano, mas subia ante uma cesta de divisas.

Bolsas

O principal índice da bolsa paulista operava no azul nesta quarta-feira, após a mudança da meta fiscal ficar dentro do esperado e diante de menor receio de um novo rebaixamento do rating do país. A sessão é marcada por vencimento de opções sobre o Ibovespa e sobre o índice futuro, o que pode trazer alguma volatilidade aos negócios.

Às 11h15, o Ibovespa subia 0,13%, a 68.442 pontos. O giro financeiro era de R$ 1,5 bilhão. Na noite passada, o governo anunciou que as metas de déficit primário para este ano e o próximo vão passar para 159 bilhões de reais, ante os R$ 139 bilhões em 2017 e R$ 129 bilhões em 2018. Os novos valores ainda precisam ser aprovados pelo Congresso Nacional.

"A revisão das metas fiscais ficou em linha com a posição da equipe econômica e do que era aguardado pelo mercado em razão do menor crescimento da economia que frustrou as projeções de arrecadação", escreveram os analistas da corretora Coinvalores em nota a clientes.

Apesar da piora na meta fiscal, os receios em relação à possibilidade um rebaixamento no curto prazo do rating do país diminuíram após a agência de classificação de risco Standard & Poor's retirar a observação negativa sobre a nota do país e manter rating soberano brasileiro em BB, citando um cenário mais estável desde as denúncias de maio contra o presidente Michel Temer.

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