Rio de Janeiro, 29 de Dezembro de 2025

Governistas quebram acordo e não admitem revisão em leis trabalhistas

Acordo usado para encerrar protesto de senadoras de oposição não será respeitado na Câmara. Leis trabalhistas foram rasgadas no Senado.

Quarta, 12 de Julho de 2017 às 10:50, por: CdB

Acordo usado para encerrar protesto de senadoras de oposição não será respeitado na Câmara.

 

Por Redação - de Brasília

 

Presidente da Câmara, o deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) avisou que não colocará na pauta da Casa nenhuma Medida Provisória (MP) que possa alterar o texto aprovado, noite passada no Senado, sobre a reforma trabalhista.

"A Câmara não aceitará nenhuma mudança na lei. Qualquer MP não será reconhecida pela Casa", escreveu Maia, em uma rede social.

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As deputadas Gleisi Hoffmann e Fátima Bezerra, durante a ocupação da Mesa Diretora do Senado No Senado, 50 votos rasgaram a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)

A reforma passou por 50 votos a favor a 26 contra e segue agora para a sanção presidencial. Para conseguir o apoio da maioria dos senadores, o presidente de facto Michel Temer havia concordado com a edição de uma MP para modificar pontos polêmicos da reforma, como a questão que envolve a não obrigatoriedade do imposto sindical e os direitos das grávidas e lactantes.

Nada de MP

A posição de Maia, no entanto, impede o cumprimento de qualquer apoio previamente acordado. O comentário acontece no momento em que Maia parece se distanciar do Palácio do Planalto. Mas há versões em contrário e que presumem um alinhamento básico entre ambos, mesmo durante a tramitação da denúncia contra o peemedebista na Câmara.

Após saber da mensagem publicada por Maia, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), aproveitou para se distanciar do acordo fechado com a oposição, na noite passada. Ele também voltou a afirmar que não participou de nenhuma negociação em relação à MP.

— Estou tranquilo sobre isso. Não tratei de MP e nenhum compromisso sobre mudanças no texto — disse.

Traição

As senadoras de oposição Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Regina Sousa (PT-PI) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) concordaram em encerrar o ato contrário à reforma trabalhista, na ocupação da Mesa Diretora do Senado, mediante a proposta do líder do Governo na Casa, senador Romero Jucá (PMDB-RR), de editar MPs para corrigir os pontos em debate. Foram traídas.

Nesta manhã, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) comparou o ato das senadoras de oposição com a batalha épica entre os 300 soldados de Leônidas contra o gigante exército persa de Xerxes.

Acordo rompido

"GLEISI,FATIMA,REGINA,LIDICE,ANGELA,VANESSA. AS SEIS DO SENADO COMO FORAM OS TREZENTOS DE ESPARTA. Atitude", escreveu ele, nesta quarta-feira.

Durante a sessão passada, que discutia a reforma trabalhista, as senadoras oposicionistas ocuparam a Mesa do senado. Elas sentaram-se à Mesa assim que a sessão começou, por volta de 11h. Presidente da Casa, Oliveira ainda não havia chegado. Cerca de uma hora depois, ao perceber o ato quando registrou presença em Plenário, ele tentou assumir o posto.

Ao não conseguir, em retaliação, Oliveira mandou apagou as luzes do Senado e cortou a transmissão na TV Senado. As senadoras, assim mesmo, mantiveram-se no posto por mais de sete horas e, ao final, cederam à promessa de Jucá, sobre o acordo que havia comprometido o governo com as MPs.

Adeus CLT

Nesta manhã, a presidenta cassada Dilma Rousseff (PT) lamentou, nas redes sociais, o enterro da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), editada ainda no governo de Getúlio Vargas.

"O Brasil está de luto. Depois de 74 anos de conquistas, por 50 votos, o Senado impõe derrota aos trabalhadores. A CLT está morta", escreveu Dilma.

As mudanças aprovadas pelos senadores permitem contratações sem direitos como férias e décimo-terceiro e também esvaziam sindicatos e a Justiça do Trabalho. A retirada de direitos foi o principal mote do golpe ocorrido em Maio de 2016.

Votaram a favor da reforma trabalhista:
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Aécio Neves (PSDB-MG)
Ana Amélia (PP-RS)
Antonio Anastasia (PSDB-MG)
Airton Sandoval (PMDB-SP)
Armando Monteiro (PTB-PE)
Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Cidinho Santos (PR-MT)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Cristovam Buarque (PPS-DF)
Dalirio Beber (PSDB-SC)
Dário Berger (PMDB-SC)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Eduardo Lopes (PRB-RJ)
Elmano Férrer (PMDB-PI)
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Gladson Cameli (PP-AC)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
João Alberto Souza (PMDB-MA)
José Agripino (DEM-RN)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Medeiros (PSD-MT)
José Serra (PSDB-SP)
Lasier Martins (PSD-RS)
Magno Malta (PR-ES)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omar Aziz (PSD-AM)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Raimundo Lira (PMDB-PB)
Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Roberto Muniz (PP-BA)
Roberto Rocha (PSB-MA)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Rose de Freitas (PMDB-ES)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Tasso Jereissati (PSDB-CE)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vicentinho Alves (PR-TO)
Waldemir Moka (PMDB-MS)
Wellington Fagundes (PR-MT)
Wilder Morais (PP-GO)
Zeze Perrella (PMDB-MG)

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