A cantora e atriz Queen Latifah possui personalidade, ousadia e charme suficientes para conseguir atrair o espectador ao cinema para ver até mesmo uma perda de tempo como "Táxi". A dúvida é: por que Latifah se deu ao trabalho? Afinal, ela já tem uma indicação ao Oscar em seu currículo.
E mais: se "Táxi" foi realmente o 59o filme oferecido a Jimmy Fallon, cria do programa "Saturday Night Live", para ele fazer sua estréia no cinema, é até assustador imaginar como os outros 58 devem ter sido pavorosos.
Gisele Bundchen é outra que aparece pela primeira vez na tela grande, em seu primeiro trabalho como atriz. Ela faz Vanessa, líder de uma quadrilha de supermodelos assaltantes de bancos. Bundchen fala pouco -- em português mesmo --, troca de roupa, dirige em alta velocidade, usa bigode para se disfarçar e ainda atira nos inimigos.
Enquanto isso, Latifah e Fallon passam 98 minutos se esforçando para fazer o filme funcionar, e o melhor que se pode dizer é que eles conseguem criar alguns momentos divertidos e inspirados. Mas esses dois artistas de talento acabam derrotados pelo esforço repetitivo e porcamente executado de "Táxi".
Infelizmente, o longa é baseado não no grande seriado homônimo da rede ABC, mas numa comédia francesa e suas duas sequências assinadas pelo diretor e roteirista Luc Besson (que, por sinal, também produz este "Táxi").
O filme original foi o trabalho de maior bilheteria na história do cinema francês, mas não chegou a causar impacto no mercado norte-americano.
A versão hollywoodiana traz perseguições de carro, cenas de ação e trabalho de câmera ágil, intercalados com momentos cômicos bem fracos.
Belle (Queen Latifah) é uma ciclista ousada de serviço de entrega de mensagens, em Nova York, que acaba de ser promovida a motorista de seu próprio táxi.
Mas o que ela realmente quer é ser piloto de corridas Nascar. Assim, ela pilota seu táxi envenenado como maníaca pelas ruas de Nova York -- vale notar que 85 por cento das cenas foram rodadas no centro de Los Angeles.
Quem entra em sua vida um belo dia é Andy Washburn (Jimmy Fallon), o policial mais burro da cidade, que vive perdendo sua arma, seu distintivo e sua dignidade.
Sua chefe, a tenente Robbins (a bela Jennifer Esposito), bem que gostaria de demiti-lo, só que ela e ele namoraram muito tempo atrás, quando ambos cursavam a academia de polícia.
Andy dirige tão mal que o Departamento de Polícia suspendeu sua carteira de motorista, de modo que ele é obrigado a pegar o táxi de Belle para ir até um banco assaltado.
Ele não consegue prender as assaltantes, mas ele e Belle entram numa daquelas situações de amor-ódio que não fazem sentido algum, exceto para os roteiristas.
O namorado de Belle, Jesse (Henry Simmons), é abandonado sozinho, enquanto sua mulher corre por Nova York no encalço de quatro assaltantes perigosas lideradas por Bundchen.
O diretor Tim Story ("Uma Turma do Barulho") monta o filme em torno de Belle e Andy, sendo a personagem de Queen Latifah a mulher dotada de inteligência e força, enquanto o desajeitado Fallon deixa seriamente a desejar nos dois departamentos.
As cenas de ação são boas, até certo ponto, mas nunca chega a existir qualquer suspense quanto à possibilidade de o táxi de Belle realmente colidir com algo capaz de fazê-lo parar.
A parte cômica é outra história. O espectador não demora a perceber que os criadores do filme se dispõem a qualquer coisa para arrancar uma gargalhada -- e isso não chega a inspirar muita confiança.