Nos corredores da Câmara, reservadamente, alguns deputados da base governista levam em conta os indícios de uma possível surpresa para Temer.
Por Redação - de Brasília
Aumentaram as chances de o presidente de facto, Michel Temer, perder o mandato. Diante de um desafio, que é a votação na Câmara dos Deputados da segunda denúncia do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deputados da oposição avaliam que Temer ainda está em vantagem. Ele tem a maioria, mas crescem suas dificuldades para derrubar a denúncia.
Nos corredores da Câmara, reservadamente, alguns deputados da base governista levam em conta os indícios de uma possível surpresa. Um deles é a movimentação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele estaria dando sinais significativos. Se perceber que tem chance, “Maia pode entrar no jogo para valer” e aceitar ser o condutor da transição”, disse um deputado a jornalistas.
Jantar
Maia estaria verificando a chance de reunir votos suficientes para derrotar o suposto aliado. Se conseguir, ele poderia de fato se aventurar. Mas o risco é considerável. A pista mais clara de sua movimentação foi sua presença no jantar oferecido pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) na terça-feira.
Um deputado esteve presente ao encontro disse que o jantar serviu “efetivamente para discutir a sucessão de Temer”. Para esse deputado, ao participar do jantar, Rodrigo Maia admite que está no jogo. Ele poderá atuar na transição, caso o cenário o favoreça.
Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), no jantar, vários parlamentares da base do governo relataram as dificuldades que estão encontrando na relação com o Planalto.
— O que uniu todo mundo lá é o reconhecimento da grave crise institucional que nós vivemos — afirmou Grazziotin.
Janot
No front político, a situação de Temer é ainda mais tensa. Na véspera, o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, classificou como “grave” a afirmação do peemedebista. Ele falou em associação criminosa, ao atacar em rede social denúncia do Ministério Público Federal.
— Acho que ele (Temer) perdeu a visão da dignidade que o cargo exige dele — disse Carlos Fernando.
Em junho, ele já havia dito que Temer foi “leviano” ao atacar o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, após apresentação da primeira denúncia contra ele.
— O que o Rodrigo Janot fez foi a obrigação dele — disse o procurador ao, novamente, defender o ex-procurador-geral da República.
Quadrilha
O coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, também partiu para o ataque. Na noite passada, acusou Michel Temer de tentar barrar investigações por meio de concessões milionárias. A fala de Dallagnol foi uma resposta ao discurso de Temer; segundo a qual o Ministério Público é uma "organização criminosa que tenta parar o país".
Para Dallagnol, quem para o país é a corrupção e não quem a combate. De acordo com o procurador, quem roubou o país por décadas deve responder por isso. Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva, obstrução da Justiça e formação de organização criminosa.