Rio de Janeiro, 15 de Junho de 2025

Furacão Katrina deixa rastro de morte, destruição e caos

Quarta, 31 de Agosto de 2005 às 06:52, por: CdB

Cenas infernais de mortes, destruição e caos tomaram conta do sudeste dos Estados Unidos nesta quarta-feira, quando as sobrecarregadas autoridades tentam resgatar os vivos e contar os mortos deixados pelo furacão Katrina.

Nova Orleans continua sendo inundada, após uma tentativa inicial de conter um vazamento em uma barragem. A polícia tenta sem sucesso impedir uma onda de saques.

No Mississippi, as autoridades confirmaram que pelo menos cem pessoas morreram e que o número provavelmente pode aumentar bastante.

- Estamos apenas estimando, mas a cifra pode dobrar ou triplicar em relação ao que estamos falando -disse um diretor da Defesa Civil ao jornal Mississippi Clarion Ledger. Um porta-voz da prefeitura de Biloxi falou em "centenas" de mortos.

A senadora Mary Landrieu disse a jornalistas que ouviu relatos de que há entre 50 e cem mortos em Nova Orleans, onde as equipes de resgate, ocupadas demais em salvar as pessoas ilhadas em casas, tiveram de deixar corpos boiando nas águas.

As autoridades da Louisiana dizem que 3.000 pessoas foram resgatadas, mas que muitas outras ainda aguardam os barcos que sobem e descem as ruas ou os helicópteros que constantemente sobrevoam a cidade.

- Estou viva, estou viva - gritava uma mulher, eufórica ao ser retirada de uma casa quase submersa.

O Katrina chegou à Louisiana na segunda-feira com ventos de 224 quilômetros por hora, atingindo também o litoral dos vizinhos Mississippi, Alabama e o noroeste da Flórida.

Uma onda de dez metros, provocada pela tempestade, destruiu 90 por cento dos prédios na orla de Biloxi e Gulfport.

- É como se uma arma nuclear tivesse sido detonada - comparou o governador Haley Barbour.
Nova Orleans parecia inicialmente ter sido relativamente poupada do furacão, mas a elevação do lago Pontchartrain abriu buracos no sistema de barragens que protege a cidade, que fica em grande parte abaixo do nível do mar.

O prefeito Ray Nagin disse que 80 por cento da cidade está submersa. Em alguns pontos, a lâmina d'água tem seis metros.

Engenheiros do Exército e funcionários locais tentaram na terça-feira, sem sucesso, usar sacos de areia, com 1,36 tonelada cada, para conter o vazamento em um vão de 60 metros.

O engenheiro militar Al Naomi disse que serão levados mais sacos na quarta-feira e que possivelmente será construída uma barragem provisória em torno do vão.

Mas o maior aliado na luta para salvar a cidade é a própria natureza, segundo ele. "O fluxo diminui bastante, especialmente porque o lago está parando de subir", afirmou Naomi à Reuters, acrescentando que em 36 horas ele deve voltar ao nível normal.

Ele afirmou que o histórico Bairro Francês, principal ponto turístico da cidade, deve escapar com poucos danos, porque fica 1,5 metro acima do nível do mar.

A inundação cortou a eletricidade, contaminou a água potável e interrompeu a maioria das estradas que levam a Nova Orleans. 

Cerca de 1 milhão de pessoas fugiram antes da chegada do Katrina, mas quem ficou enfrenta a escassez de água e comida.

Violentos saques ocorreram em toda a cidade, pois parte da população invadiu lojas para obter alimentos, mas saiu também com televisores, jóias, roupas e computadores.

Em alguns bairros, cidadãos armados ocuparam as ruas para tentar restaurar a ordem. Onde está seco, os lojistas ficam sentados defronte a seus estabelecimentos, com armas nas mãos.

- You loot, I shoot" ("você saqueia, eu atiro") -  alertava uma placa em frente a uma loja.

O prefeito Nagin disse que as autoridades estavam tão preocupadas em resgatar as vítimas da enchente que inicialmente deixaram os saques ocorrerem livremente. Mas, segundo declarou à CNN, "isso evoluindo para algo um pouco diferente, e estamos colocando isso sob controle enquanto conversamos". Ele afirmou que 3.500 soldados da Guarda Nacional estão sendo enviados para a ci

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