Segundo relatórios do Estado Maior das Forças Armadas (EMFA) a que a reportagem do Correio do Brasil teve acesso, o corte nos repasses da União supera a marca dos 40% ao longo destes últimos seis meses.
Por Redação - de Brasília
O ‘rancho’ segue preservado, em suas últimas linhas de defesa contra os cortes no orçamento das Forças Armadas; mas a derrota para a gestão do presidente de facto, Michel Temer, é iminente. Desde que chegou ao poder, há um quase um ano e meio, Temer vem reduzindo os repasses de recursos para as três armas.
Segundo relatórios do Estado Maior das Forças Armadas (EMFA) a que a reportagem do Correio do Brasil teve acesso, o corte nos repasses da União supera a marca dos 40% ao longo destes últimos seis meses. Um militar de alta patente confirmou, em condição de anonimato, no entanto, que em algumas das maiores instalações militares do país, as medidas de contenção de gastos tem chegado a extremos.
Risco geopolítico
Os recursos disponíveis, até agora, segundo os relatórios, são suficientes para cobrir as despesas de 40 a 60 dias. Caso o Ministério da Fazenda mantenha a linha de corte, o plano de contingência das Forças Armadas brasileiras será “reduzir expediente e antecipar a baixa dos recrutas”, afirmou o militar.
Ao longo destes últimos meses, a substituição de servidores efetivos por temporários tem sido uma opção para reduzir o pagamento de taxas e benefícios previdenciários. Segundo o oficial, há o risco de “um ponto sem volta” para a sustentação das Forças Armadas, no atual padrão de segurança. Os riscos em nível geopolítico e de segurança regional, principalmente junto às fronteiras, “não pode ser calculado”, adiantou.
Um dos setores mais atingidos pela crise, a Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC) do Exército é responsável por monitorar o uso de explosivos. Há algumas semanas, vem encontrando mais dificuldades para evitar que material volátil seja desviado das unidades militares por facções criminosas. Estas têm usado explosivos em assaltos a bancos e caixas eletrônicos.
Assaltos a banco
Nesta segunda-feira, o Comando do Exército confirmou a jornalistas que o contingenciamento reduz “drasticamente” a fiscalização do uso de explosivos. Abre espaço, assim, para o uso de dinamites em caixas eletrônicos, por todo o país. A DFPC atua no apoio ao sistema de segurança pública.
A diretoria tem encontrado dificuldades para assegurar a continuidade das operações. Mas precisa seguir no combate os desvios de explosivos para o crime organizado. A Federação Nacional dos Bancos (Febraban) encaminhou, semana passada, um pedido à Comissão de Segurança Pública da Câmara. No ofício, pede para que o combate aos assaltos a bancos seja mais efetivo.
O número de agências bancárias assaltadas já supera a marca dos anos em que o país viveu mergulhado em uma ditadura militar. Entre os anos 60 e 80, a luta armada buscou os recursos necessários à luta armada em nas agências bancárias. Hoje, há 23 mil agências e 170 mil caixas eletrônicos no país. Ao longo deste mês, quadrilhas de criminosos que nada têm de conteúdo ideológico agiram em todo o país. Explodiram agências em Lindoia (SP), Indaiatuba (SP) e em Capelinha (MG). Em junho, as quadrilhas levaram adiante os saques em Brasília. Ao todo, foram 22 assaltos desde 2016, no Distrito Federal.