Rio de Janeiro, 25 de Dezembro de 2025

Filme sobre ação da Polícia Federal é um tremendo fracasso de bilheteria

Na plateia, esvaziada, a primeira sessão comercial do filme Polícia Federal - A Lei é para todos, na sala com capacidade para 208 lugares, havia espaço de sobra. Cerca de 50 pessoas compraram ingresso para assistir ao filme.

Segunda, 11 de Setembro de 2017 às 12:53, por: CdB

Na plateia, esvaziada, a primeira sessão comercial do filme Polícia Federal - A Lei é para todos, na sala com capacidade para 208 lugares, havia espaço de sobra. Cerca de 50 pessoas compraram ingresso para assistir ao filme.

 
Por Redação - de Curitiba

 

Na terra onde nasceu a Operação Lava Jato e se esperava o maior público pagante para o filme Polícia Federal - A Lei é para todos, produzido por um grupo secreto de investidores, é justamente a capital do país onde as salas ficaram mais vazias ao longo do fim de semana de estreia. No restante do país, os cinemas que exibiram o longa metragem amargaram prejuíxo.

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No cartaz do filme Polícia Federal - A Lei é para todos, Moro e Lula figuram na produção B

Na plateia, esvaziada, a primeira sessão comercial, na sala 3 do Espaço Itaú (com capacidade para 208 lugares) tinha espaço de sobra. Cerca de 50 pessoas compraram ingresso para assistir ao filme. No Cinesystem do Shoppinhg Curitiba a proporção de ocupação da sala foi idêntica.

Mal chegou aos cinemas, a produção incensada pela mídia conservadora já recebia o primeiro petardo. Segundo o líder do PT, na Câmara, deputado Carlso Zaratini (SP), trata-se de mais uma armadilha contra a legenda. O diretor do filme, Marcelo Antunez, trata de se defender, mas a polêmica está, definitivamente, exposta ao público.

Posição do PT

Para começar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os empresários envolvidos nos esquemas de corrupção investigados na força-tarefa em Curitiba são os únicos a receberem os nomes reais no longa. A decisão serviu para acalorar os ânimos: para partidários do PT uma tentativa de demonizar o ex-presidente tirar-lhe o crédito de uma eventual candidatura em 2018.

— O objetivo é descredibilizar, impedir que ele seja o candidato porque eles (os envolvidos na produção do filme) fazem parte de um projeto que quer acabar com todos os projetos sociais e desenvolvimento no Brasil. São interesses do capital internacional em fazer com que o Brasil recue naquilo que avançou nos últimos 20, 30 anos de história — avalia Zarattini.

Nomes falsos

Os inquéritos foram autorizados pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin e seguem sob investigação.

— Evidentemente, eles (os produtores) nunca entraram em contato para pedir a posição do PT — acrescenta.

Para o diretor Marcelo Antunez, no entanto, a decisão em ocultar os nomes dos demais envolvidos na operação foi criativa.

— Conforme fomos avançando nas pesquisas, em cada fase (da Lava Jato) existem um sem número de agentes e delegados e vários deles não trabalham em outros momentos, somem. Tem fase com 50, 60 investigadores e eles não voltam ou só voltam só lá na frente. Do ponto de vista do roteiro, fica impossível contar uma história com tantos personagens — desconversa.

Anonimato

Outro motivo de celeuma nas redes sociais foi o fato dos financiadores do filme permanecerem anônimos. Marcelo diz que foram empresários que, temendo represálias, preferiram "investir" a verba de realização sem terem os nomes citados por medo de represálias. Sobre o possível prejuízo que sofrerão com o fracasso de bilheteria, porém, nem uma palavra.

— Acho a crítica infantil, o povo pensar isso até entendo o motivo, mas certamente quem levanta suspeitas tem outros interesses, de descredibilizar o filme, de levantar suspeitas. É patético. Existem vários outros filmes inclusive polêmicos em que os investidores também resolveram ficar anônimos — afirma Antunez.

Para o cineasta, trata-se de “um tema que divide o Brasil; que é responsável por posições tão acaloradas, por vezes agressiva”.

— Eu entendo perfeitamente a posição deles (os investidores). Posso garantir que não tem empreiteiro ou financiador de campanha. Até acho que seria interessante (mostrar quem financiou). Mas não foi uma decisão nossa e sim de quem coloca dinheiro — acrescenta.

Propaganda

Zarattini, porém, tem uma opinião oposta. Ele não acha que existam partidos envolvidos no dinheiro para a realização do filme, mas sim grupos empresariais que "não têm interesse no PT e Lula governando o país novamente".

— É uma ação política que envolve recursos privados. Não é uma obra de arte, é uma obra de propaganda com o objetivo claro de aumentar a popularidade da Operação Lava Jato — conclui.

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