Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Festival de Locarno começa quarta-feira ao ar livre

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Sábado, 03 de Agosto de 2024 às 12:57, por: Rui Martins

O Festival Internacional de Cinema de Locarno, na região suíça de língua italiana, o Ticino, é considerado o quarto pela ordem de importância, depois de Veneza, Cannes e Berlim. Tem, porém, uma particularidade: sendo um festival no começo do outono europeu ainda com noites quentes, inclui, além das projeções nas salas escuras, bons filmes exibidos ao ar livre, na maior praça da cidade, a Piazza Grande, num telão de 400 metros quadrados.

Por Rui Martins, convidado pelo Festival de Locarno

O público costuma ocupar todo o espaço da Piazza Grande diante do telão de 400 metros quadrados. 

Tudo está previsto para o prazer dos oito mil espectadores sentados na Piazza Grande, porém não existe uma garantia a 100% de noites sem chuva. Alguns ainda se lembram das três noites consecutivas de chuvas na Piazza Grande, durante o festival de 2001. Este ano, o primeiro filme a ser exibido na praça pode chamar chuva por seu título!

O filme inaugural do Festival de Locarno, O Dilúvio, tem uma história bem francesa, mas é dirigido pelo cineasta napolitano Gianluca Jodice, tendo como atores principais Mélanie Laurent e Guillaume Canet.

É uma reconstrução dos últimos dias do casal real Louis XVI e Maria Antonieta, presos e retirados de Versalhes com seus filhos nos tumultos da Revolução Francesa, em 1789, e levados à Torre do Templo, um sinistro castelo parisiense, onde aguardam julgamento. O fim do filme não é segredo, é a pena de morte na guilhotina.

O filme é ainda inédito e só será lançado nos cinemas e streaming no dia 25 de dezembro. Gianluca Jodice ficou conhecido por seu filme O Mau Poeta sobre a relação entre Gabriele D`Ánnunzio com Benito Mussolini, vista pelos olhos de Giovanni Comini, funcionário do Partido Fascista.

Será também exibido na Piazza Grande o filme iraniano As Sementes da Figueira Sagrada, de Mohammad Rasoulof, com Prêmio Especial no Festival de Cannes. O cineasta iraniano fugiu do Irã, onde tinha sido condenado pela ditadura teocrática a cinco anos de prisão e a receber 50 chicotadas por seus filmes. O filme de Rasoulof

Haverá 17 filmes inéditos selecionados para a Competição Internacional, dos quais 7 são dirigidos por realizadoras. Essa quase paridade de gênero é considerada uma inovação entre os festivais internacionais.

Na falta de filme brasileiro na competição, chama a atenção o filme português em coprodução com a Suíça, Fogo do Vento, primeiro filme de Marta Mateus. Uma síntese do enredo foi distribuída pela produção – Soraia trabalha na vindima e é protagonista de um ritual quase perdido. Ela enfrenta um grande touro preto que escapou. No alto das árvores, num plano entre mundos, a comunidade partilha o pão com os antepassados convocados para a celebração da vida e do vinho. Entramos na grande noite onírica, onde a natureza também fala. Arde, é o fogo do vento que traz a onda de calor.

Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.

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