Rio de Janeiro, 20 de Dezembro de 2025

Fernando Meirelles estréia primeiro filme no exterior

Segunda, 22 de Agosto de 2005 às 03:53, por: CdB

O diretor brasileiro Fernando Meirelles estréia, neste mês, seu primeiro filme fora do país, <i>O jardineiro fiel</i>, e leva "uma perspectiva de terceiro mundo" à trama passada na Alemanha, Reino Unido e no Quênia e baseada na obra homônima do britânico John le Carré.

A fita, que estréia nos Estados Unidos eno dia 31 e deve estrear em outubro no Brasil, é um <i>thriller</i> romântico filmado em Berlim, Londres, Nairóbi e em outras partes de Quênia. A possibilidade de filmar no Quênia instigou Meirelles, que concorreu ao Oscar com <i>Cidade de Deus</i>, a dirigir o projeto inicialmente. O diretor já havia visitado o país africano para usá-lo como locação em seu próximo filme.

- Estava mais interessado em filmar o Quênia - o país é, para mim, o terceiro protagonista do filme-, do que em enfatizar os diálogos sobre as classes sociais britânicas que, acabei tirando do roteiro sem comprometer a história - explicou durante uma visita recente à Nova York com os protagonistas do filme, os britânicos Ralph Fiennes - <i>O paciente inglês</i> e Rachel Weisz <i>A múmia</i>.

A direção fotográfica do filme é do também brasileiro César Charlone, com quem trabalhou em <i>Cidade de Deus</i>. A trilha sonora é do compositor espanhol Alberto Iglesias.

A ação de <i>O jardineiro fiel</i> se passa em uma área remota do Quênia onde a ativista Tessa Quayle (Weisz) é encontrada brutalmente assassinada. Com a suspeita de que o assassinato tenha sido um crime passional, seu marido, Justin Quayle (Fiennes), um diplomata britânico, tenta afastar o fantasma da infidelidade.

Em sua busca, Justin decide concluir o trabalho de sua esposa como ativista, embarcando em uma perigosa investigação que revela uma intrincada rede de conspiração e corrupção tecida por trás das poderosas multinacionais farmacêuticas.

Usando nomes fictícios, o filme conta uma história de amor que tem como cenário a conspiração entre grandes farmacêuticas e Governos corruptos que usam os países mais pobres da África subsaariana como cobaias em seus testes de remédios potencialmente tóxicos.

O assunto das farmacêuticas é velho conhecido nosso, já que o Brasil tem fabricado versões genéricas, mais econômicas que os medicamentos patenteados.

- Sempre me chamou a atenção essa ambigüidade das farmacêuticas, de fazer o bem e o mal ao mesmo tempo. Vindo de um país em desenvolvimento, senti que podia apresentar os interesses de Quênia no filme - apontou.

Quanto aos atores, o diretor -que em <i>Cidade de Deus</i> trabalhou com atores não-profissionais- disse que foi "tranqüilo". Embora conte que teve "muito trabalho, porque não conhecia bem os atores ingleses.

- A diferença está na preparação. Eles não queriam ensaiar muito. Além disso, decidi incluir personagens e figurantes quenianos, e pedimos que esquecessem a câmera. Também houve algumas cenas improvisadas - comentou.

- Os quenianos estavam muito entusiasmados. Havia gente que nem sabia que estávamos filmando, e isso trouxe muita naturalidade - disse Meirelles, que destaca as precárias condições do Quênia com um estilo impressionista.

- Le Carré escreveu uma história sobre um país subdesenvolvido e as grandes corporações com a perspectiva de uma pessoa que vive em um país de primeiro mundo. Quando li o livro, me pus em outra posição e me identifiquei mais com os quenianos que com os britânicos - disse.

Meirelles já trabalha em seu próximo filme, <i>Intolerância</i>, que apresenta diferentes visões sobre a globalização mostrando sete cidades e sete personagens cujas histórias se conectam ao longo da trama.

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