Por ter ordenado as mortes de sete trabalhadores rurais em São João do Araguaia, no Pará, o fazendeiro José Edmundo Ortiz Vergolino, 69 anos, foi condenado nesta terça-feira a 152 anos de prisão. Os assassinatos foram cometidos em 1985.
O Tribunal de Justiça do Pará informou que a sentença ainda não é definitiva e a defesa pode recorrer.
O crime teria ocorrido porque as sete vítimas invadiram um castanhal da família de Vergolino, na Fazenda Ubá. Entre 13 e 18 de junho de 1985, pistoleiros mataram oito pessoas, inclusive um adolescente e uma mulher grávida, numa sucessão de assassinatos que ficou conhecida como "a chacina de Ubá".
A sentença foi proferida depois de 16 horas de julgamento, à 0h30 desta terça-feira. O juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Belém, considerou Vergolino culpado por sete mortes e concedeu 19 anos de prisão por cada uma delas.
Os jurados aceitaram uma das teses da defesa e decidiram que não havia provas da participação de Vergolino na morte de um das vítimas da chacina, Nelson Ribeiro.
Vergolino negou qualquer ligação com o crime e sugeriu que os assassinatos teriam sido ordenados por outros proprietários rurais, como "uma forma de prevenir a invasão de outros castanhais".
Após a condenação, ele foi levado do tribunal para o Centro de Recuperação do Coqueiro.
Sebastião da Terezona, líder dos pistoleiros acusados de executar a chacina, foi morto na cadeia durante uma rebelião e outros dois pistoleiros permanecem foragidos.
Segundo a assistente de acusação Eliceli Costa Abdoral, a condenação de um mandante é um marco.
- Este julgamento constitui um paradigma de quebra da impunidade de mandantes de assassinatos. Antes só os pistoleiros eram levados a julgamento -, disse Eliceli ao site do Tribunal de Justiça.
Fazendeiro é condenado a 152 anos de prisão no Pará
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Terça, 12 de Dezembro de 2006 às 09:31, por: CdB