Exército Boliviano impede protestos de indígenas e mineradores

O exército da Bolívia entrou em ação na última quarta-feira para impedir protestos de indígenas e mineradores, que portavam dinamite em La Paz. O saldo foi de dois mortos.

O padre católico Porfirio Ticona, que viu os corpos, disse que os dois mineiros foram mortos e outros nove manifestantes ficaram feridos, a 110 km de La Paz, quando o comboio de mineiros começou a jogar dinamites nos soldados que bloqueavam uma estrada. O governo disse que os mineiros carregavam 'uma enorme quantidade' de dinamite.

Milhares de produtores de coca e trabalhadores, incluindo mineiros, agruparam-se no centro de La Paz a apenas alguns quarteirões do palácio presidencial, guardado por policiais e carros blindados.

O presidente Gonzalo Sánchez de Lozada disse que os protestos são de 'grupos anarquistas'. Ele discursou para o país com seus aliados e prometeu um referendo sobre um projeto de gás controverso, reforma de uma lei de energia e reformas constitucionais.

Mas muitos bolivianos acreditam que o governo e a maioria indígena estão tão distantes que a renúncia é a única solução.

Os protestos começaram devido a um projeto de vender gás natural para os EUA através de um porto do Chile, país para o qual a Bolívia perdeu sua saída para o mar em uma guerra travada no final do século 19.

As manifestações, depois, ganharam força e passaram a exigir a renúncia de Sánchez de Lozada, acusado de não fazer nada para combater a pobreza no país.

- O problema é a fome. O que vou dar para os meus filhos comerem? - perguntou uma índia quechua.

- Estamos cada vez pior e o governo não faz nada. Apenas nos abandona e nos mata - completou.

Em El Alto, cidade na periferia do país que vem sendo alvo dos protestos, cinco carros de um trem de carga explodiram uma ponte e não há relatos de vítimas.

Os protestos se espalharam por todo o país, inclusive em Cochabamba, a sudeste de La Paz, centro do impopular esforço norte-americano de erradicar as plantações de coca.
Os manifestantes jogaram pedras e coquetéis Molotov no palácio do governo.