O embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa, defendeu enfaticamente a necessidade de o País dar continuidade às negociações comercias no âmbito da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Diante de uma platéia de cerca de 50 empresários do setor do comércio varejista de São Paulo, nesta quarta-feira, o embaixador disse que a Alca será muito importante para a economia brasileira, já que a maior parte (51%) das exportações brasileiras são destinadas hoje para o hemisfério, e esse mercado poderá ainda ser ampliado. "É claro que o Brasil não vai aceitar qualquer (modelo de) Alca que não atenda aos interesses nacionais", afirmou. Barbosa insistiu na necessidade de conscientização e engajamento dos empresário nesse processo de negociações comerciais. Caso contrário, segundo ele, o Brasil acabará se lamentando. "Vocês sabem que, em 2005, quando as negociações da Alca forem concluídas, as margens preferenciais que o Brasil tem hoje para seus produtos nos mercados latino-americanos vão acabar? Vocês sabem qual e como será o impacto disso?", indagou insistentemente o embaixador, sem conseguir sequer uma resposta dos comerciantes paulistas. Barbosa lembrou para a platéia que lotou um dos recintos da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que o Brasil vem perdendo constantemente fatias de mercado no mundo nos últimos cinco anos. "Cinco anos atrás o Brasil detinha uma fatia de 1,4% do mercado mundial e hoje não passa de 1%." O embaixador lembrou ainda que, em outubro do próximo ano, o Brasil começará a exercer, junto com os Estados Unidos, a co-presidência do processo negociador da Alca e que o setor produtivo do País deveria a começar a se preocupar com isso, levando propostas que defendam seus interesses. "O Brasil é o país que tem mais a ganhar e mais a perder", alertou o embaixador. Barbosa lembrou também que, no próximo ano, quando o Brasil estiver sob comando de outro governo, as novas autoridades precisarão entender a importância das negociações comerciais iniciadas em várias frentes (Alca, OMC, Mercosul/União Européia) e que serão concluídas nessa nova gestão presidencial. Cobrança Diante da dura insistência do embaixador, a tímida platéia se arriscou a cobrar apenas a "eliminação do conflito de interesses entre o setor público e privado" (altas taxas de juros, reforma tributária e custo Brasil). Enquanto o embaixador concluía a sua palestra sobre as expectativas das relações comercias entre o Brasil e os EUA, uma centena de empresários chineses de uma província próxima a Pequim "vendia" produtos e buscava investimentos em uma rodada de negócios em um outro andar da ACSP. "A diferença entre a China e o Brasil está aí", lembrou o embaixador, "na agressividade empresarial". Em 1985, explicou, a China e o Brasil exportavam US$ 7,5 bilhões para o mercado norte-americano. "No ano passado, o Brasil quase dobrou as suas vendas externas para esse mercado, passando para US$ 14 bilhões. A China, porém, vendeu US$ 120 bilhões (cerca de 17 vezes mais)." Quatro mais um Em Buenos Aires, os Estados Unidos e o Mercosul definiram nesta terça-feira um calendário para eliminar os obstáculos ao comércio e aos investimentos, além de criar maiores possibilidades de acesso aos mercados. A missão norte-americana, liderada pelo representante de comércio Peter Allgeier, se reuniu com os principais negociadores dos quatros países do bloco do Cone Sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). Os EUA querem ampliar seus investimentos nesses países e deseja maior abertura comercial, enquanto o Mercosul quer maior acesso para seus produtos no mercado norte-americano. No encontro foi definido ainda que o Grupo de Trabalho de Comércio Agrícola se reunirá em Buenos Aires em meados de maio para analisar temas importantes, entre eles o dos trâmites alfandegários para facilitar o transporte de mercadorias. A propriedade intelectual também é um tema de extrema relevância para os Estados Unidos, já que não envolve
Embaixador brasileiro defende Alca
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Quarta, 17 de Abril de 2002 às 22:53, por: CdB