Cerca de 45 pessoas morreram, na manhã desta segunda-feira, em três ataques a bomba em mercados no centro da capital iraquiana. Duas bombas explodiram sucessivamente no mercado de Shorja, matando mais de 30 pessoas. Uma hora antes, um pacote-bomba explodiu no mercado Bab al-Sharqi, matando cerca de dez pessoas.
As explosões ocorreram antes e depois de uma pausa de 15 minutos para marcar o primeiro aniversário de um ataque a bomba a um importante santuário xiita em Samarra. O ataque em Samarra gerou uma onda de violência sectária que ainda atinge o Iraque, custando milhares de vidas a cada mês. O mercado de Shorja já foi a principal área comercial de Bagdá, mas em meio à violenta divisão das comunidades religiosas do Iraque ela é hoje uma área de maioria xiita e um alvo para os grupos extremistas sunitas.
O mercado Bab al-Sharqi, por sua vez, é um raro fenômeno em Bagdá, segundo correspondentes, por ser freqüentado tanto por sunitas quanto por xiitas.
Novo julgamento
Ainda nesta segunda, a Suprema Corte Iraquiana decidiu que Taha Yassin Ramadan, vice-presidente do Iraque durante o governo do ditador Saddam Hussein, também deve ser morto por enforcamento. A corte tomou essa decisão apesar dos apelos de autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) e de grupos de defesa dos direitos humanos para que a vida de Ramadan fosse poupada.
- Deus sabe que eu não fiz nada de errado - afirmou o ex-vice-presidente pouco antes de o juiz Ali al-Kahachi tê-lo condenado à morte por enforcamento devido a sua participação no assassinato, nos anos 80, na cidade de Dujail, de 148 xiitas.
Em novembro, pelo crime, Ramadan havia sido condenado à pena de prisão perpétua. Saddam e dois outros homens já foram enforcados após terem sido considerados culpados de envolvimento nos assassinatos. Uma corte de apelação recomendou que o ex-vice-presidente fosse condenado à morte e enviou o caso de volta para a Suprema Corte Irarquiana a fim de que uma decisão final fosse adotada.
- Em nome do povo, a corte decidiu condenar o réu Taha Yassin Ramadan à morte por enforcamento devido ao envolvimento dele no crime de homicídio na qualidade de crime contra a humanidade - afirmou Kahachi.
O grupo Human Rights Watch havia pedido à Justiça do Iraque, no domingo, que não condenasse Ramadan à morte, argumentando que não foram apresentadas provas suficientes para ligá-lo aos assassinatos de Dujail.
- Eu não recebi nenhuma missão relativa a Dujail. Todas as testemunhas confirmaram que elas não me viram em Dujail - afirmou o ex-vice-presidente à corte quando questionado sobre se tinha algo a acrescentar antes de a sentença ser lida.
A chefe a área de direitos humanos da ONU, Louise Arbour, também pediu, na semana passada, que a Justiça iraquiana não condenasse Ramadan à morte, afirmando que a pena capital infringiria as leis internacionais.
Discurso pacífico
No Irã, onde pesa sobre o presidente daquele país, Mahmoud Ahmadinejad, a acusação de fornecer armas aos radicais xiitas iraquianos, ele disse, nesta segunda-feira, que seu país "evita qualquer conflito" e que a paz retornará ao Iraque quando as forças dos Estados Unidos e de outros países forem embora. Ahmadinejad falou em entrevista em Teerã com o canal de televisão norte-americano ABC.
- Nós evitamos qualquer tipo de conflito e qualquer tipo de derramamento de sangue. Somos contra qualquer tipo de conflito e também contra a presença de forças estrangeiras no Iraque, e é por isso que somos contra a presença dos norte-americanos. Dizemos a eles para deixarem o país, e qualquer outro estrangeiro deveria deixar o país e não deveria haver estrangeiros no Iraque, e aí você verá que haverá paz - disse ele.
Ahmadinejad minimizou as acusações dos EUA de que o Irã está alimentando a violência no Iraque ao fornecer armas aos militantes. Ele disse que os EUA estavam tentando esconder suas falh