Rio de Janeiro, 31 de Dezembro de 2025

Doria se antecipa a expurgo do PSDB da equipe de Temer e abre fogo

Segundo o prefeito tucano, João Dória, a crise política vem sendo ampliada a cada dia e a agonia do governo Temer é crescente. O desembarque pode acontecer a qualquer momento, segundo outros líderes do PSDB.

Quinta, 22 de Junho de 2017 às 10:55, por: CdB

Segundo o prefeito tucano, João Doria, a crise política vem sendo ampliada a cada dia e a agonia do governo Temer é crescente.

 

Por Redação - de São Paulo

 

Prefeito de São Paulo e possível candidato do PSDB à Presidência da República nas próximas eleições, João Doria era um dos principais defensores da presença tucana no governo federal. Ele, nesta sexta-feira, no entanto, abriu fogo contra a gestão do presidente de facto, Michel Temer.

temerdoria.jpg
Doria, que até semana passada defendia presença tucana no governo Temer, agora avisa que pode sair

Segundo o prefeito tucano, a crise política vem sendo ampliada a cada dia e a agonia do governo Temer é crescente.

— Você tem o índice de agonia de 1 a 10. E o termômetro está ligado faz tempo. Hoje, seria escala 8 — afirmou.

Caciques tucanos

Embora mantenha o discurso de que "o PSDB deseja o melhor para o Brasil e não o pior", Doria deixou claro que o apoio do partido, maior fiador do governo Temer, "não é infinito".

Dória se antecipou às declarações de Temer, que se encontrava na Noruega. O peemedebista revelou sua intenção de enquadrar o aliado PSDB. O assunto será tratado como prioridade de sua agenda política quando voltar a Brasília.

O Planalto percebeu o risco que corre com os tucanos após a confirmação de que o seu principal aliado no governo estaria prestes a desembarcar do barco. Caciques tucanos, a exemplo do governador Geraldo Alckmin, estariam articulando a revoada.

Renan Calheiros

O sinal mais imediato partiu do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Ele sugeriu que Temer deveria convocar eleições amplas, diretas e antecipadas. FHC participara ativamente do movimento para não romper com Temer. Houve uma reação mista entre a desconfiança e a irritação no Planalto.

A derrota do relatório da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais do Senado foi outro ponto decisivo. Cresceu, desde então, o temor de investidores e do empresariado que ainda apoiam o governo. Temer, sob este ponto de vista, não teria mais controle algum sobre a base aliada para passar as reformas trabalhista e previdenciária, pendentes no Congresso.

O papel decisivo do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o voto contrário do senador Eduardo Amorim (PSDB-SE) também foram recebidos no Planalto como surpreendentes. A derrota ocorreu enquanto o líder tucano na Casa, Paulo Bauer (SC), integrava a comitiva de Temer na visita a Moscou. Presidente provisório do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) chegou a afirmar, após a votação fracassada, que o governo está perdendo controle em horas vitais.

Desembarque previsto

No início desta semana, Alckmin avisou que o desembarque tucano da base de apoio do governo Temer pode acontecer muito em breve.

— Podemos sair da base a qualquer momento. Sair é deixar de ter ministério, o que, aliás, eu acho completamente secundário. Quando houve o impeachment, fui contra que o PSDB ocupasse ministérios, sempre fui. Não deveria ter entrado, indicando ministros, mas a maioria decidiu — disse ele.

O governador, no entanto, defendeu que os tucanos continuem apoiando as reformas.

— É o que temos defendido. A reforma trabalhista, que vai estimular emprego e diminuir a informalidade, deve estar aprovada até o final do mês. Vamos aguardar a sanção pelo presidente da República. A reforma previdenciária, logo logo vamos saber o seu destino. É mais difícil porque é uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição). E a reforma política é até setembro. Se não for feita até lá não valerá para a próxima eleição — concluiu. 

Tags:
Edições digital e impressa