Os proprietários das 13 fazendas ocupadas durante o feriado de carnaval, na região do Pontal do Paranapanema e Nova Alta Paulista, começaram a preparar a documentação necessária para pedir na Justiça liminar de reintegração de posse dos imóveis. A informação foi passada pelo presidente nacional da União Democrática Ruralista (UDR),Luiz Antonio Nabban Garcia, nesta quinta-feira.
- Tenho certeza de que todos os pedidos (dos ruralistas) serão atendidos - disse Garcia.
De acordo com Garcia, ocupar as áreas durante o carnaval foi uma estratégia dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos sindicatos de empregados no campo filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) para prolongar o tempo de atuação, já que, nos feriados, as repartições públicas permanecem fechadas, e isso dificulta a mobilização dos fazendeiros para reivindicar a desocupação.
Ele acredita que desta quinta até sexta, os pedidos possam ser viabilizados e atendidos.Perguntado sobre a queixa do coordenador do MST na região, Wesley Mauch, de que o processo de reforma agrária não tem avançado, o líder ruralista admiitiu que isso é um fato.
- Não avançou no governo Alckmin (ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin) - afirmou Garcia, que disse esperar pela reversão dessa inércia na atual gestão, de José Serra.
Para o líder ruralista, "o governo teria condições, sim", de atender as famílias que aguardam assentamento naquela região, onde, segundo informou, existem cerca de 300 mil hectares ou cerca de 20% da região do Pontal passíveis de implantação da reforma agrária.
- Se houvesse boa vontade e se avançasse nos acordos (que os fazendeiros se dizem dispostos a fechar), se evitaria, inclusive, desperdício do gasto público, mas parece que existe uma certa paralisia - ressaltou.
Garcia também disse que, embora os fazendeiros estejam dispostos a fazer acordo, é "preciso também saber qual a garantia de que vão cessar as invasões após o assentamento das famílias". Para o presidente da UDR, o processo está associado a um princípio político-ideológico.
- É uma ideologia anacrônica, porque eles (líderes do MST) pregam uma coisa que o mundo inteiro já enterrou. E, assim, não vamos avançar em uma reforma agrária digna e eficiente - afirmou Garcia.
O representante dos ruralistas disse que essa situação deveria ser vista pelo governo, que, segundo ele, já estaria preocupado em efetuar uma reforma agrária com qualidade, e não quantidade.