Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Do caixão às cinzas: Pinochet passa à história como assassino

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Terça, 12 de Dezembro de 2006 às 10:27, por: CdB

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet, que mesmo depois de morto continua polarizando a opinião pública do país, foi cremado nesta terça-feira, após cerimônia militar. Parentes, amigos e a cúpula militar lotaram uma capela de Santiago para se despedir do homem que comandou o regime repressivo de 1973 a 1990. O corpo, porém, foi cremado em local não revelado. Um filho de Pinochet disse que a família preferiu não enterrá-lo por temer que adversários profanassem o túmulo. Pinochet morreu no domingo, aos 91 anos, de problemas cardíacos.

Nos últimos dias, fãs e detratores travam uma batalha retórica sobre o legado de Pinochet. Seus seguidores dizem que o sangrento golpe de 1973 era necessário para livrar o Chile do caos, do comunismo e de uma possível guerra civil. Eles destacam também as reformas de livre-mercado adotadas pelo regime militar, que seriam a base para o longo período de estabilidade política e econômica que fez do Chile um modelo para a região.

Já seus oponentes o consideram um assassino que conseguiu morrer impune, apesar de todas as acusações de violações aos direitos humanos. Mais de 3 mil pessoas foram mortas ou desapareceram durante o regime de Pinochet, cerca de 28 mil foram torturadas, e centenas de milhares de chilenos fugiram para o exílio. O corpo de Pinochet foi velado desde a manhã de segunda-feira na imponente Escola Militar, na Zona Leste da capital, onde ele foi aluno.

Cerca de 13 mil pessoas passaram pelo velório, e durante a noite a fila ainda era grande. A escola deveria ficar aberta ao público até 6h desta terça-feira (7h, horário de Brasília), nove horas depois do inicialmente previsto, para receber a multidão. O caixão de madeira e tampa de vidro está coberto por uma bandeira chilena, pelo quepe, pela espada e pelo casaco do general. O governo negou honras de chefe de Estado no funeral de Pinochet, que terá apenas as honras militares. Marco Antonio Pinochet, filho mais novo dele, qualificou a decisão de "pequena" e afirmou que o governo de centro-esquerda "foi incapaz de adotar uma postura nobre neste momento da história".

- O maior perpetrador do genocídio na nossa história morreu. Isso me dá um pouco de paz. O fato de ele não estar mais aqui é importante para o nosso país, a nossa transição democrática e os nossos filhos - disse a dona-de-casa Iris Henulef, 33 anos, que participava na segunda-feira de uma pequena manifestação contra Pinochet em Santiago.

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