Entre os tucanos, já não é mais novidade os ataques de Doria a Alckmin, responsável por sua indicação à candidatura para o cargo que ocupa.
Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo
O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria, começaram a se bicar e estabelecem, definitivamente, a divisão no ninho tucano. Mesmo após ser recepcionado com uma chuva de ovos em Salvador, no início da semana, Doria passou a mirar no objetivo de chegar à Presidência da República. Sua movimentação aumentou depois dos afagos que recebeu do presidente de facto, Michel Temer, na terça-feira.
Entre os tucanos, já não é mais novidade os ataques de Doria a Alckmin, responsável por sua indicação à candidatura para o cargo que ocupa. Interlocutores de ambos têm “saído horrorizados com a má propaganda e a baixa perspectiva quanto a Alckmin: Doria não perde oportunidade de dizer que vem aí uma bomba, uma delação irrespondível; que esse "negócio de cunhado" é difícil”, revela um dos diários conservadores paulistanos.
Alckmin, por sua vez, encontrou na realização de prévias para a escolha do candidato a presidente, para 2018. Doria não tem a mesma inserção que Alckmin entre os tucanos e, desta forma, estaria fora do páreo. Em contrapartida, o prefeito já avalia deixar a legenda e tentar a sorte em uma outra agremiação partidária.
Vaias
As apostas quanto ao apoio de Temer lhe valer alguma coisa, em uma campanha presidencial, no entanto, caíram ainda mais nesta manhã. Não foram os ovos que Doria encontrou pela frente na capital soteropolitana, mas Temer também sentiu o gosto da repulsa e dos protestos diretos do público. Ele afirmou, nesta quarta-feira, que acertou com lideranças no Congresso uma pauta para o segundo semestre que terá como prioridade aprovar as reformas da Previdência, tributária e política. A resposta foi uma sonora vaia, após discurso, em um encontro sobre comércio exterior no Rio de Janeiro.
— Ajustamos esta pauta para este semestre. Ou seja, se chegarmos ao final deste ano e tivermos completado o ciclo das reformas, estas três últimas que apontei, nós teremos um 2018 mais próspero e mais desenvolvido no nosso país — disse, durante discurso na abertura de evento.
Mau exemplo
Logo após encerrar sua fala, Temer foi surpreendido por vaias do público. Reagiu com um leve sorriso. Segundo Temer, a agenda de reformas vai contribuir para a queda do desemprego. O peemedebista reiterou, ainda, que não haverá elevação do Imposto de Renda. Disse isso, no entanto, após ter admitido na véspera que o governo estudava aumentar o IR, e depois recuado.
Ao comentar a necessidade de aprovação da reforma previdenciária, Temer usou o Rio de Janeiro como exemplo. Afirmou que o Estado fluminense "sofreu consequências da questão da Previdência que levou a uma situação extremamente delicada”.
Além do peemedebista, também participaram da abertura do Enaex os ministros Marcos Pereira e Maurício Quintella; o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e o vice-governador do Estado, Francisco Dornelles.