Rio de Janeiro, 25 de Dezembro de 2025

Delação premiada de Funaro envenena última flecha de Janot

Autor da delação relata que Temer “sempre soube” dos esquemas criminosos que sustentaram grupo do PMDB.

Sexta, 08 de Setembro de 2017 às 10:40, por: CdB

Autor da delação relata que Temer “sempre soube” dos esquemas criminosos que sustentaram grupo do PMDB.

 

Por Redação - de Brasília

 

Em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, o doleiro Lúcio Funaro, operador de propinas para um grupo do PMDB, revelou que o presidente de facto, Michel Temer, atuava como lobista e cobrava repasses de caixa 2. O peemedebista também teria recebido uma fortuna em dinheiro vivo, a título de propina, diz Funaro.

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Autor de delação premiada Lúcio Funaro aponta Michel Temer como integrante da quadrilha

O operador do esquema, preso no âmbito da Operação Lava Jato, relatou ainda que seu associado, o presidiário Eduardo Cunha, ex-deputado do PMDB fluminense, era o encarregado de levar e trazer as orientações de Temer acerca da distribuição do dinheiro sujo.

— Essa interface era feita por Eduardo Cunha — declarou Funaro à Polícia Federal (PF). Ele acrescentou, no entanto, no depoimento vazado nesta sexta-feira para a mídia conservadora, que era informado por Cunha sobre as divisões da propina.

Funaro e a propina

Funaro garantiu, ainda, que Temer "sempre soube" de todos os esquemas tocados pelo ex-deputado.

— Temer participava do esquema de arrecadações de valores ilícitos dentro do PMDB. Cunha narrava as tratativas e as divisões (de propina) com Temer — disse, na delação.

Temer seria, ainda, titular de repasses de recursos ilícitos, segundo a delação de Lúcio Funaro. Um deles, de R$ 1,5 milhão, teria sido pago por executivos do grupo Bertin. O segundo, em 2014, originou-se de “um acerto com a JBS”, acrescentou.

Funaro relata, ainda, ter intermediado um pagamento de R$ 7 milhões da JBS que tinha como destinatários Temer, Cunha e o ministro da Agricultura na época, Antônio Andrade. Temer teria, ainda, intermediado um pagamento de R$ 5 milhões de Henrique Constantino, do Grupo Constantino, à campanha do então deputado Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012.

Outra delação

Citado na delação de Funaro e principal algoz de Temer nas denúncias em curso na Procuradoria Geral da República (PGR) um dos donos do Grupo JBS Joesley Batista teve revogada a imunidade concedida por Rodrigo Janot. Aumenta, assim, a chance de ser preso, na companhia de outros executivos da companhia.

A posição do procurador-Geral estava pronta e seguiria, ainda nesta sexta-feira, ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, na véspera, Joesley Batista afirmou que não recebeu orientações do ex-procurador Marcello Miller para negociar um acordo de delação. Nem para gravar o presidente Michel Temer no encontro no Palácio do Jaburu, em 7 de março. O empresário depôs por quase três horas na sede da PGR, na noite passada.

Também prestaram depoimento outros dois delatores: Ricardo Saud, diretor e lobista do grupo; e o executivo e advogado da empresa Francisco de Assis e Silva. Todos foram chamados esclarecer o áudio entregue à Procuradoria na semana passada. Todos negaram a veracidade das informações. Segundo Joesley, tudo não passoui de “conversa de bêbado”.

Essa nova gravação, de 17 de março e com cerca de quatro horas de duração, serviu como pretexto para Janot anunciar a abertura de investigação para apurar omissão de informações. Ele ameaça, agora, revisar os benefícios concedidos, incluindo a imunidade penal.

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