A cada dia trabalhado, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha abate um dia na pena de mais de 15 anos, segundo a Lei de Execução Penal.
Por Redação - de Curitiba
O presidiário Eduardo Cunha está com a vida arranjada na cadeia. Cercado de cuidados para que se mantenha quieto em relação à quadrilha que integrava, ao lado do presidente de facto, Michel Temer, entre outros nomes de destaque na política nacional, segundo delação do empresário Joesley Batista, Cunha hoje passa seus dias em tarefas mais simples do que aquelas que levaram ao golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff (PT).
Atualmente, o deputado cassado distribui quentinhas aos companheiros de cela. Relatos de presos daquela unidade a jornalistas revelam que hoje Cunha está, no jargão da cadeia, na "faxina". Não está, necessariamente, ligado à higienização dos banheiros, nas celas. Há outros presos destacados para o serviço. Cunha está, especificamente, responsável pela distribuição das refeições.
A cada dia trabalhado, o ex-presidente da Câmara abate um dia na pena de mais de 15 anos, segundo a Lei de Execução Penal.
Frio e discreto
Cunha acorda, diariamente, às 6h. Ele e outros cinco internos são liberados de suas celas para receber no portão da galeria um carrinho com pães untados com margarina, café com leite e uma fruta. O carrinho entra na ala, e Cunha então separa as marmitas comuns das que são preparadas para os presos com restrições alimentares. Coloca tudo em uma maca improvisada como mesa.
Seu trabalho consiste em visitar as 32 celas do pavilhão em que vive. Ele passa canecas, pães e frutas por uma pequena janela recortada no meio da porta de ferro. Entre uma e outra passada, ouve e responde às perguntas dos detentos sobre questões legais, embora não seja advogado.
Ainda assim, segundo os detentos, o ex-deputado é descrito por agentes penitenciários como o mais frio e discreto detento que já passou pelo presídio. Jamais demonstra qualquer sentimento.